Um lugar para a poesia

Sobre alma e janelas...


Esse poema de Adélia Prado se chama janela. Eu na época de faculdade fiz um haikai com a palavra janela.Anda perdido em algum canto desse mundo.

Janelas sempre me encantaram. Especialmente em noite de lua. Em noites frescas de maio, por onde entram a brisa e a luz intensa do luar.

Ah, janelas.Gostava de pular por elas, gostava de sentar no peitoril.

Abri a janela da alma quando li esse poema. Da minha alma que transborda.

JANELA

Janela, palavra linda.
Janela é o bater das asas da borboleta amarela.
Abre pra fora as duas folhas de madeira à-toa pintada,
janela jeca, de azul.
Eu pulo você pra dentro e pra fora, monto a cavalo em você,
meu pé esbarra no chão.
Janela sobre o mundo aberta, por onde vi
o casamento da Anita esperando neném, a mãe
do Pedro Cisterna urinando na chuva, por onde vi
meu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai:
minhas intenções com sua filha são as melhores possíveis.
Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão,
clarabóia na minha alma,
olho no meu coração.

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