McBarata???
Gostas de um capuccino no McDonald's? A servidora pública Sarita Vianna também gostava.
No dia 23 de maio, ela saiu de casa sem tomar café da manhã e parou no McDonald’s da
Rua São José, no Centro do Rio, por volta das 9h30m e comprou um
cappuccino para viagem. Seguiu com a bebida direto para um curso na
Procuradoria Geral do Estado. Chegando lá, começou beber o cappuccino. De repente, num dos goles, pelo orifício da
tampinha, surgiram as anteninhas de um inseto. Sarita se assustou,
destampou o copo e se deparou com uma barata morta, que caiu de volta no
líquido.
- Já
tinha comprado lá algumas vezes. Geralmente, compro apenas café. Foi a
primeira vez que passei por uma situação dessas, que encontrei uma
barata numa bebida. Era uma barata pequena, devia estar dentro da
máquina de café — conta Sarita.
"O Globo" conta o restante:
"A primeira reação da servidora pública, que é bacharel em Direito, foi registrar o que havia ocorrido:
—
Saí da sala de aula, fiz as fotos da bebida com a barata, desci e
voltei à filial do McDonald’s para ver o que o gerente teria a me dizer.
Ao chegar à lanchonete, o gerente me atendeu, pediu desculpas e se
ofereceu para preparar outra bebida. Lógico que não aceitei. Então, ele
me devolveu o dinheiro e pediu desculpas novamente.
Sarita
utilizou o smartphone para fazer as fotos antes de voltar ao
restaurante. E fez questão de fotografar também a nota fiscal, como
forma de comprovar que o cappuccino havia sido comprado minutos antes.
Ela também registrou o problema no Serviço de Atendimento ao Cliente
(SAC) do McDonald’s, canal que está disponível no site da rede.
—
Fotografei a nota para comprovar a data de aquisição. Fui à loja com a
nota original, porque voltei lá logo depois, mas também quis registrar
no SAC.
Além de ter passado o dia nauseada, Sarita disse que
sentiu um misto de nojo e vergonha, pois alguns colegas de curso
acompanharam o que tinha acontecido. E afirmou que fez questão de voltar
ao restaurante para que o problema não ocorra com outras pessoas e para
lembrar que todo estabelecimento tem que passar por dedetizações
periódicas.
— Não sei se somatizei aquela sensação de susto, nojo e
vergonha ou se realmente aquela bebida contaminada por um inseto afetou
meu organismo. Fiquei o dia inteiro com náuseas e enjoo, sem contar que
não consegui mais comer ao longo do dia, pois cada vez que eu lembrava
da barata no cappuccino, passava mal — diz Sarita.
O que diz a empresa
Procurado
pelo GLOBO, o McDonald’s informou que está em contato com a consumidora
— o que só ocorreu depois que o caso foi relatado à empresa pela
repórter, já que, até o dia 29, o contato feito por Sarita via SAC não
havia dado retorno — e que, independentemente de uma averiguação mais
aprofundada, não só realizou a devolução do dinheiro como foi feito um
convite para que ela conheça todos os procedimentos seguidos pelos
restaurantes, que incluem dedetizações periódicas. A empresa também
esclareceu que todos os equipamentos são vistoriados e higienizados
periodicamente.
A advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec) Mariana Alves Tornero afirma que, como esse foi o
segundo problema registrado na loja num intervalo de cerca de 15 dias, a
vigilância sanitária do município precisa ser acionada. E lembra que a
própria consumidora pode denunciar o caso ao órgão.
Luiz Fernando
Moncau, coordenador jurídico do Procon Carioca, também ressalta a
importância do consumidor para o registro e denúncia de problemas como o
de Sarita.
— Os Procons têm uma ação fiscalizadora e podemos até
mesmo fazer uma ação conjunta com a vigilância sanitária. O
estabelecimento precisa tomar medidas para provar que age dentro das
normas de higiene e limpeza exigidas — afirma Moncau, que orienta o
consumidor a fotografar as falhas ou defeitos, assim como fazer uma
reclamação por escrito e denunciar casos como esse aos órgãos de defesa
do consumidor e de vigilância sanitária.
Como agir nesses casos
A
vigilância sanitária do município do Rio de Janeiro — órgão responsável
por fiscalizar bares, restaurantes e supermercados — informou que em
situações como a de Sarita o consumidor deve entrar em contato com a
Central de Atendimento da Prefeitura, no telefone 1746. A solicitação de
averiguação das condições higiênico-sanitárias é repassada para o
órgão, que realiza a inspeção no local denunciado.
Já o Idec
lembra que o consumidor que encontrar um produto fora das condições
esperadas para consumo deve trocá-lo ou requerer o ressarcimento do
valor pago ao estabelecimento onde o adquiriu, apresentando o
comprovante de compra (nota ou cupom fiscal). Caso tenha o produto, mas
não possua o comprovante de compra, a pessoa deve entrar em contato com a
empresa fabricante — no caso citado, o SAC do McDonald’s — e requisitar
o ressarcimento do valor pago. Cabe ainda, mesmo que o consumidor tenha
recebido o valor de volta, informar ao SAC da empresa responsável para
que tome as medidas necessárias para que mais pessoas não sejam
prejudicadas.
O consumidor que tiver consumido o produto e sofrido
danos em decorrência de sua adulteração pode ingressar com ação
judicial para requerer uma indenização. Neste caso, o consumidor deve
invocar o artigo 12 do Código de Defesa do Consumidor. Além disso, a
legislação garante que a pessoa afetada seja inteiramente ressarcida,
portanto, caso tenha sido internada ou tenha gastado dinheiro com
remédios, também terá direito ao reembolso desses valores.
—
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