Desapego
Walnize Carvalho
Li, dia desses, um artigo muito
interessante, cujo título chamou-me à atenção: “Viver com menos” e até reproduzi aqui no blog.Pincei fragmentos que dizem assim:
“Jovens da classe média reduzem consumo ao essencial por estilo, e não por necessidade.
Tal fenômeno começa a ser estudado em universidades e difundido na internet”. E
segue... “O pesquisador da PUC do Paraná Jelson Oliveira está concluindo o
livro “Simplicidade”, que será lançado até o final do ano. Entre os temas
abordados está um dos aspectos da questão que Oliveira mais gosta de ressaltar:
o “culto de viver com menos” não tem nada a ver com pobreza” e sentencia: - Adotar
a ideia da simplicidade é estar disposto a abrir mão do excesso de bens de
consumo. O aumento da procura por outra forma de viver é um sintoma de cansaço
com a uma sociedade altamente consumista” ...
Achei o tema digno de registro o que
fez me pegar em divagações e balbuciei: - Aí está um belo exemplo de Sabedoria!
Certa feita, ouvi uma frase que
jamais esqueci: “Se for para ficar velho e não tornar-se sábio para que
envelhecer?”
E este “sábio” calou-me profundamente dando-me a visão
exata de que é Sabedoria. Esqueci-me até daquele arquétipo de um ser de túnicas
longas, turbante na cabeça, barbas brancas e de voz suave que sussurra
profecias.
Chego então ao ponto em que quero enfocar: o exercício do
desapego
Reverencio pessoas (não
importa a idade!) que utilizam o poder de suas ferramentas mágicas para a transformação.
Quase sempre são dotadas de senso de
humor, leveza de gestos e palavras.
Andam
de mãos dadas com a intuição, com a perspicácia e a prudência (suas fiéis
companheiras).
Usam a sensatez
na medida certa.
Sabem dar conselhos e se postam de
bons ouvintes.
De pronto me vêm à mente tantas
figuras expressivas, que vão desde avós, bisavós, tias, parteiras, benzedeiras,
contadores de histórias, como também aquele ancião, que dia desses puxava “um
dedo de prosa” comigo, enquanto aguardávamos na fila do Banco.
Uma sucessão de seres, que souberam
acumular ao longo de suas existências a verdadeira Sabedoria e que nem sempre
implica serem dotadas de instrução vasta e variada.
Ocorrem-me fatos triviais de suas folhas corridas como o
de transformar “um limão em limonada”; agradecer a Deus cada dia que nasce e
tantas outras formas de estar de bem com a vida.
São mestres do improviso que dá certo
e sabem ser tolerantes “ contando até dez” pau-sa-da-men-te...
Bem intencionados sabem que nem
sempre acertam: falham, mas não erram!
Quase sempre convivem bem com o
espelho, usam roupas e calçados confortáveis
e se sentem aliviadas com a decisão de deixaram de ser escravas da moda.
Optam por lares onde só entulham boas
lembranças...
Com a reportagem lida muito me alegrou saber que muitos (eu
também - sem falso orgulho - tenho
empenhado em pôr prática!) estão reduzindo o estilo de vida ao essencial e
passaram a viver uma vida sem rastro, aumentando a prática do desapego.
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