Redes sociais... sempre elas...
- Gerar link
- Outros aplicativos
Por
Gervásio Cordeiro NETO
-
Matéria de "O Globo" de hoje mostra que as redes sociais podem ser uma enorme armadilha:
"O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) avaliou as
informações disponíveis nas políticas de privacidade e nos termos de
uso das redes sociais Facebook, Google+ e Twitter, que estão entre as
mais populares no país. A conclusão é de assustar até mesmo o mais
precavido dos usuários: as redes não deixam claras quais são suas
políticas de privacidade, colocando o consumidor em risco.
A análise, que pode ser acessada clicando aqui,
levou em conta padrões internacionais de proteção da privacidade, a
legislação nacional, como o Código de Defesa do Consumidor (CDC), e os
princípios de proteção de dados pessoais dos usuários previstos no
anteprojeto de lei elaborado pelo Ministério da Justiça.
Com esse
levantamento, o Idec pretende conscientizar o usuário sobre a relação
de consumo, por vezes imperceptível, que existe entre o internauta e a
empresa que controla a rede. O instituto escolheu Google+, Facebook e
Twitter para a avaliação porque o negócio principal deles é a própria
rede social.
— Embora a rede não cobre pelo serviço, os usuários
são obrigados a fornecer seus dados pessoais sem saber o que será feito
com eles. E também aceitam as condições de uso. Ficam expostos a todo
tipo de publicidade. Não é um serviço gratuito, é uma relação de
consumo, sujeita ao CDC — diz Gustavo Varella, advogado do Idec.
Segundo
ele, há uma dinâmica nas redes que o consumidor não tem acesso nem
controle. As empresas lucram com a publicidade, mas a maioria dos
usuários das redes não se dá conta de como participa desse processo.
Embora as empresas digam que prezam pela privacidade de seus usuários,
no Brasil, diferentemente do que ocorre na Europa, não existe uma
agência reguladora que garanta a proteção dos dados.
— Com uma
agilidade muito grande, essas empresas coletam, tratam e devolvem os
dados na forma da publicidade que parece ter sido feita sob medida para
nós. É uma indústria baseada na coleta de dados pessoais. Os textos nos
sites dessas redes não são claros quanto a isso — argumenta o advogado
do Idec.
Segundo Guilherme Varella, as informações disponíveis
nos sites não esclarecem, por exemplo, o que é feito com os dados do
usuário que cancela a conta:
— O Facebook diz que as informações
são repassadas apenas às empresas afiliadas, mas não se sabe exatamente
o que isso significa. O Google+ diz que dados de contas desativadas
podem permanecer na rede por determinado tempo, mas isso também não é
muito claro.
Ao usuário resta usar as redes com bom senso,
evitando a super exposição, e ficar atento às configurações de
privacidade e segurança. E, como ressalta o advogado do Idec, saber que
as empresas controladoras das redes sociais têm que se responsabilizar
pela segurança da infraestrutura tecnológica do site, “como ocorre nos
sites dos bancos”, compara Varella.
Uma enquete realizada com
internautas, por meio do site do Idec logo após a conclusão da pesquisa
revelou outro dado preocupante. Desta vez, sobre o comportamento do
usuário brasileiro nas redes. A maioria não conhece as regras do jogo:
84% dos cerca de 500 participantes da enquete disseram não ter lido os
termos de privacidade dos sites de que participam.
— Por uma
questão cultural, o brasileiro não liga muito para a privacidade nas
redes. Ele só se dá conta quando é vítima de algum incidente. Quando,
por exemplo, uma foto pessoal dele vazar na internet. Já soube de
sequestros planejados a partir de informações coletadas pelos
criminosos nos perfis das vítimas. A própria polícia confirmou isso. As
pessoas devem evitar expor sua vida para o mundo — diz Fabio Assolini,
analista da Kaspersky Lab, empresa de segurança na web.
As
medidas de precaução não foram suficientes para evitar que o produtor
cultural Ricardo Ferreira tivesse sua conta no Facebook invadida por um
hacker. Há um mês, ele foi obrigado a desativar o perfil onde mantinha
quase mil contatos:
— Havia amigos e muitos contatos
profissionais. Com a nova conta, ainda não consegui encontrar nem a
metade, estou apenas com uns 300. Tive prejuízo. O mais estranho é que
sempre fui muito cuidadoso, troco as senhas com frequência. Quando
percebi que estava sem controle sobre a página, que ficou lotada de
anúncios, recorri às recomendações do Facebook, mas não deu certo. Tive
que desativar a conta e levei três dias para conseguir.
De acordo
com o advogado do Idec, Guilherme Varella, em um caso como esse, o
consumidor poderia até recorrer à Justiça para buscar ressarcimento por
danos morais, já que teve prejuízos profissionais. Mas, para Fabio
Assolini, quem não concordar com as condições impostas pelas empresas,
não deve participar de redes sociais:
— O usuário deve saber que
suas informações são negociadas. Esse é o modelo de negócio das redes
sociais no mundo todo. Você é o produto. A rede é um meio de
comunicação muito importante, mas é preciso usar com responsabilidade.
A primeira regra é fechar o perfil, permitindo que apenas pessoas
conhecidas tenham acesso a suas informações. Mas isso não basta se a
pessoa compartilhar dados ou imagens sobre locais que frequenta, onde
mora, estuda ou trabalha. Não temos controle sobre o compartilhamento
na rede.
Segundo o Idec, o resultado do levantamento foi enviado
às três empresas, mas nenhuma respondeu. A reportagem também procurou
as empresas, que optaram por não comentar."
Comentários