Vem chegando o Natal!

Walnize Carvalho

É mês de dezembro e a constatação se apodera das pessoas: -Vem chegando o Natal!
Natal!!! Dizem os radiantes com a sua chegada.
Natal??? Falam os indiferentes, com o argumento na ponta da língua: - Um dia comercial!
 Natal... suspiram os que têm saudade de natais distantes.
E eu, em que grupo me incluo, perguntarão os que me lêem?...
Afirmo que fico na neutralidade: nem eufórica e nem apática apenas, um pouco reflexiva.
Vejo que esta data perdeu quase todo o sentido, sabor, até o cheiro.
Este formato do fazer compras porque sim, tendo como temas: ter-que-dar- presentes ; fica-mal-não-oferecer; ter-presentes-para-retribuir-a-quem-não-vou-dar-e-que-sem-esperar-me-dão, confesso que me trazem um enorme desconforto...
Esta mentalidade consumista do ter que presentear, me incomoda.
  Gosto de dar lembranças, de preferência sem datas marcadas e, se possível, algo que faça o presenteado, sorrir.
Talvez, um singelo gesto: Um bilhete escrito em um simples pedaço de papel, às vezes, toca mais que o objeto de consumo desejado!
E o fato da perda de espontaneidade de presentear ter virado obrigação, a que está subjugado o Natal dos dias de hoje, é o que me causa este desânimo.
 Quem sabe se a minha desculpa está ligada à idade e eu esteja me sentindo mais velha e cansada, do que “o bom velhinho”? ...
Uma reflexão , neste momento se instala em mim, me escapa e acabo fazendo o registro: A forma de se viver o Natal hoje representa como se vive a vida: O correr desenfreadamente na semana, o cumprir horários e esperar pelo fim-de-semana, para depois logo começar outra semana.
De repente, nos acerca a idéia de que o Natal está já aí e que o ano passou rápido .
 Porque passou mesmo.
 Nessa correria desenfreada -repito - faltam todo o sentido, sabor, até o cheiro que a vida deveria ter... Enquanto escrevo , um comercial natalino na TV, me chama à atenção e me distrai o suficiente para erguer os olhos e murmurar um: “adoro isto” !
Levanto-me.
Dirijo-me à janela.
O pisca- pisca de luzes na sacada da casa em frente, acende em mim um novo e velho olhar sobre o Natal e uma chama de Esperança nasce em meu coração.
E que ela dure sem pressa de acabar...

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