Então é Natal!?...

Walnize Carvalho

Dezembro. Mês de festas.
Acordo cedo.
Ligo o rádio que está na cabeceira da cama.
“ENTÃO é NATAL!” A voz da cantora Simone já pode ser ouvida na programação.
E assim será o mês inteiro.
O Natal... As mensagens de Amor e Fraternidade são passadas e intercaladas com a melodia. “ENTÃO é NATAL!”
Levanto-me.
 Saio à rua.
Depois de uma noite de sono e imbuída do espírito da PAZ sigo.
A música ouvida cedo no rádio me acompanha como um mantra. “ENTÃO é NATAL!”
Na calçada uma papoula vermelha recém-caída do pé no chão, recolho-a.
 Coloco-a no cabelo.
Cumprimento o varredor de rua, a senhorinha que passa para a missa matinal...
Continuo a caminhada.
“Então é NATAL!”
Passo pela Igreja do Terço.
 Faço o sinal da cruz. A velhinha passa por mim com o terço na mão.
“ENTÃO é NATAL!!!”
Vou à loteria pagar as contas.
 Pessoas, como eu, impacientes nas filas.
“Então... é Natal!”
Saio.
 Apresso-me.
 Olho o relógio.
Tento falar do celular para casa.
 Operadora “sem serviço”!
“Então é Natal!?!”
Procuro sombra. Tomar um suco. Refazer energias.
Crianças na porta da confeitaria o pedir esmola.
Então é Natal!?!
Chego ao salão de cabeleireiro.
Lavar o cabelo. Refrescar a cabeça.
A moça que está sendo atendida pela dona do salão, reclama.
Está visivelmente arrasada. Mal-estar.
Silencio-me.
Algo grave aconteceu.
Descubro, afinal, o motivo do dissabor: a franja do cabelo não ficou como a cliente queria...
Então! É Natal???

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