Agricultor de Campos produz mudas em copos usados



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Do:Ururau

O agricultor familiar Altair Borges Pires, 56 anos, encontrou uma solução criativa e ecológica para produzir mudas em sua propriedade, na microbacia Rio Preto, em Campos.
 Ele passou a comprar dos estudantes locais os copos utilizados na merenda escolar, para plantar árvores nativas, frutíferas e eucalipto. A cada aluno, ele paga R$ 200 por 100 copos. “Tenho muitos fornecedores e esses copos, que poderiam poluir os rios e até servir de criadouro para os mosquitos da dengue, servem para eu fazer as mudas. E são muito melhores do que os tradicionais saquinhos, porque são firmes”, conta.
Há seis anos, depois de tentar várias vezes cultivar em um morro degradado, ele teve a ideia de plantar árvores, para impedir que a terra continuasse a descer com as chuvas. Assim, ele acabou se tornando referência na produção de mudas na microbacia do Rio Preto. “O morro era uma tristeza, não crescia nem capim. Eu plantava, vinha uma chuva forte e arrastava tudo. Quando cheguei nessa terra, tentei muito cultivar no morro, mas não teve como. Pensei que, se colocasse mudas de eucalipto, talvez a terra segurasse. Deu certo”, conta.
Há quase 16 anos, Altair cuida do sítio de nove hectares, com a mulher, Euzi.
Ele conta que nasceu na zona rural do município de São Fidélis e que ajudava o pai a plantar mudas de cebola e alho, produzidas na pequena propriedade da família.
Atualmente, o casal cultiva coco e cana-de-açúcar, além de cuidar de um viveiro, improvisado no local onde era o galpão da extinta Usina Novo Horizonte.
O viveiro produz até duas mil mudas em meses de chuva.
Há dois anos, uma mudança encheu o casal de expectativa e trabalho. “Depois que passei a frequentar as reuniões e a ler os jornais do Rio Rural, comecei a ver que as mudas de árvores nativas também eram importantes e que poderiam nos render algum lucro", disse Altair.
Para ele, o reflorestamento é a única alternativa para as terras mais degradadas. "Tem muita terra que não vai dar mais nada, a não ser árvore. Comecei a produzir as mudas nativas e elas têm tido uma boa saída”, constata o agricultor.
Assistente social da Emater-Rio, Mila Rangel diz que o agricultor está totalmente integrado em sua comunidade e tem consciência de que pode contribuir para o desenvolvimento do local. “Ele ajuda as crianças e o meio ambiente comprando os copos e plantando as mudas, além de ser um exemplo vivo de que o plantio de árvores é uma boa solução para morros degradados”, explica.
  Altair e Euzi serão beneficiados pelo Rio Rural com um projeto para estruturação do trabalho que já fazem.
Eles receberão apoio e assistência técnica para a montagem de uma estufa de mudas em sua propriedade. “Usamos o galpão da usina como berçário, mas estamos animados com a expectativa desta estufa. Já temos encomenda de 100 mil mudas nativas para uma fazenda aqui perto, e até o fim do ano eu vou precisar entregar 10 mil”, revela.

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