Os meninos da Rua do Gás

Walnize Carvalho
 
Procuro um livro na estante de casa.
Deparo com “Os meninos da rua Paulo”. 
O clássico universal de Ferenc Molnár, em que conta a história de garotos de uma rua em Budapeste (Hungria) joga-me à infância.
Surgem ante aos meus olhos os meninos da rua do Gás.
  Rua do Gás...
Em frente à minha casa, rente a calçada, passava o bonde e era só permitido aos meninos correrem livres.
 E eu, menina, pela janela a observá-los com curiosidade e uma pontinha de inveja.
  Relembro-me de Nei, Hildo, Hélio (primos e irmãos), dos filhos de D. Marieta, dos irmãos de Lili (um deles, é hoje carnavalesco no Rio), Dalvan (meu primo), o precursor das “pegadinhas” entre os colegas.
Vejo com nitidez indo para o colégio (também meu, Externato Regina); Pedro Medrado, Gerardo, Kapi Florim, Sebastião Siqueira.
Seus cabelos de “gumex” e uniformes impecáveis.
Recordo também de Nicolas saltando do bonde ... e caindo no chão!
Em meio às lembranças, um fato em que as meninas penetraram no “Clube do Bolinha”, foi no dia em que “seu” Zé Turco inaugurou uma máquina de fazer sorvete.
Até nós, entramos na fila da nova delícia ...
Mas, dos meninos da rua do Gás, os que povoam fortemente minha memória afetiva são os netos de D. Zulmira.
Irreverentes, mas felizes.
  E como os protagonistas dos “Meninos da rua Paulo” representavam um pedaço de cada um de nós.
Suas valentias e fragilidades eram vencidas pelo heroísmo na fidelidade ao maior ato político de um ser humano: o ato de VIVER.

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