Poema inédito de Manoel de Barros


Fonte:revistacult.uol.com.br

Manoel de Barros é o primeiro autor brasileiro a receber o Prêmio de Literatura Casa da América Latina/Banif, instituído em Portugal em 2005.( a cerimônia de entrega do Prémio de Literatura Casa da América Latina/Banif 2012, no valor de dez mil euros, foi no último dia 24 de Maio, (quinta-feira),   na Casa da América Latina ).
Segundo o jornal “Público”, a “Poesia Completa” (no Brasil, lançado pela ed. Leya), de Manoel de Barros foi unanimidade entre os jurados, constituído por Maria Fernanda de Abreu, presidente do júri, pelo poeta e professor universitário Fernando Pinto do Amaral e pelo poeta José Manuel de Vasconcelos, representando a Associação Portuguesa de Escritores. É o primeiro livro de poesia a receber esse prêmio.
Impossibilitado de comparecer ao evento, sua filha, Martha Barros, recebeu o prêmio oficialmente. O escritor, porém, fez questão de agradecer com um poema inédito.
Manoel de Barros, que nasceu em Dezembro de 1916 em Cuiabá, no Estado de Mato Grosso, foi considerado por Carlos Drummond de Andrade o “poeta maior” do Brasil e obteve ao longo da sua longa carreira importantes prêmios literários, como o Prêmio Nacional de Poesia (1966), o Prêmio Jabuti (1989 e 2002) e o Prêmio da Academia Brasileira de Letras (2000).

Leia abaixo o poema Inédito de Manoel de Barros:

Fôssemos merecidos de água, de chão, de rãs, de árvores, de brisas e de garças!
Nossas palavras não tinham lugar marcado.
A gente andava atoamente em nossas origens.
Só as pedras sabiam o formato do silêncio.
A gente não queria significar, mas só cantar.
A gente só queria demais era mudar as feições da natureza.
Tipo assim: Hoje eu vi um lagarto lamber as pernas da manhã.
Ou tipo assim: Nós vimos uma formiga frondosa ajoelhada na pedra.
Aliás, depois de grandes a gente viu que o cu de uma formiga é mais importante para a humanidade do que a Bomba Atômica.

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