Gata borralheira às avessas
Walnize Carvalho
Abriu os
olhos para o dia e diante deles passou um letreiro luminoso: A VIDA É UM
TEATRO.
Enquanto
caminhava para a mesa do café da manhã, a mulher se dava a filosofar ... A vida
é um teatro ... Mais do que sinônimo de representação cênica, mundo ilusório,
vida fictícia, o que não é o teatro senão a própria vida encenada no palco?
Nele temos
vários papéis a desempenhar no dia-a-dia. E, se possível, com prazer e
autenticidade – meditava.
Naquela
manhã de sábado, sábado de outono com ares de verão, sentiu que começara bem o
seu dia.
A mulher se
deu a tarefa de remexer guardados, faxinar
cantos, cuidar de forma mais ordenada dos afazeres domésticos.
Seguia,
distraída, com música suave a lhe fazer companhia, desempenhando o referido
papel. Papel este que não exigia da “atriz” nenhum ensaio e nem texto bem
estudado. Bastava apenas disponibilidade, energia e disciplina.
E com a
atividade quase por cumprir lembrou-se que estava atrasada para um compromisso.
Trocou
apressadamente de roupa e saiu à rua.
Corria pelo
caminho, levada pela brisa da manhã deslizando lépida e feliz por entre carros,
pessoas, árvores e calçadas.
Como em um
conto de fadas, em sua mente havia um relógio imaginário que a qualquer momento
iria “badalar as doze horas, fazê-la perder o sapatinho de cristal nas
escadarias e transformá-la em outro figurante” ...
Assim, a
mulher, cheia de alegria, chegou a casa do filho para ficar com a neta ,pois o pai precisaria sair para um compromisso...
Desempenharia no “teatro da vida”, mais um personagem: o de
AVÓ.
Contaria histórias para ela.Talvez,da Gata Borralheira...
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