Jorge Mautner lança portal para divulgar suas obras e ideias

O músico Jorge Mautner
MIGUEL MARTINSCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Jorge Mautner, 72, é a "amálgama" em pessoa. Se o escritor, músico e pintor recorre ao termo para definir a cultura brasileira, suas obras são exemplo vivo do caldeirão cultural que é o país.
Para abrigar suas criações, ele acaba de lançar o portal Panfletos da Nova Era (panfletosdanovaera.com.br).

No site, concebido por Washington Cavalcanti, João Paulo Reys e Maria Borba, vídeos de suas apresentações e entrevistas se misturam a sugestões de leitura, que vão de Freud a Guimarães Rosa.

Mais conhecido por sua música, Mautner lançou em 2007 seu último disco de inéditas, "Revirão". Ele garante que tem várias letras de canções prontas, mas tem faltado tempo. "É muita coisa para fazer", justifica.
Não é exagero. Além do portal, o artista conduz o programa "Oncotô" (TV Brasil), acaba de escrever o argumento para um filme de animação e prepara um livro sobre sua carreira musical.
Atualizado, Mautner elogia a nova música brasileira. "É a fusão infinita de estilos. Há desde 'Ai, se Eu te Pego' até reavaliações do samba. A garotada não quer fazer música estrangeira, eles a usam como um salzinho e vinagre."
Para ele, muito dessa diversidade se deve aos principais nomes do tropicalismo. "Para mim, são José Bonifácio e Joaquim Nabuco e, depois, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Eles foram determinantes."
Vindo de uma família marcada pela fuga do nazismo, ele lembra o caso do ultradireitista norueguês Anders Breivik, que matou 77 pessoas em 2011, para ilustrar a importância do que ele chama de "amálgama brasileira".
"Esse norueguês deixou claro que tudo o que ele combate vem desse 'medonho país chamado Brasil', com seu multiculturalismo."
Certo de que a generosidade é a principal característica do país, ele enxerga a origem dessa qualidade nos povos indígenas. "O mito dos tupis-guaranis é o mistério. O próprio mistério os criou para que fosse desvendado. Ao contrário de povos em que o desconhecido deve ser estraçalhado, eles foram transando, amando as outras tribos."

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alzira Vargas: O parque do abandono

Carta de despedida de Leila Lopes