Outros carnavais

Walnize Carvalho

Nesta crônica de hoje vou embarcar no saudosismo...Saudosismo sim! E por que não?
 Temos tendência a rotular de saudosista a pessoa velha, ultrapassada, insatisfeita ( quase sempre com o presente) e que insiste em querer viver no passado.
E há quem diga até que “quem vive do passado é museu”...
 Creio que (retomando a idéia inicial) saudoso é quem denota saudade e – convenhamos – que privilégio ser tomado por este sentimento (saudade) que, além de ser um belo estado de espírito, é palavra que só existe na língua portuguesa!...
Mas, vamos lá! Hoje é sábado de carnaval. Com ou sem fantasia ; animado ou indiferente não há como deixar de saber notícias dele...
 Em tempo de boas lembranças me vêm à mente outros carnavais: os que vivi e os que ouvi contar... Tempo de corso nas ruas, fantasias, blocos, cordões, clubes sociais apinhados de pessoas descontraídas e felizes.
Em idos de 58 ( pesquisei no ‘ Campos depois do Centenário ' vol. 2 – Waldir Carvalho) consta que : “ Na segunda feira gorda desfilaram os blocos “ Felisminda minha Nega “ , “ O Prazer das Morenas “ como os ranchos “As Magnólias “ e “ Chuveiro de Prata“ .
A animação dos bailes ficava por conta dos Plutões , Saldanha e Automóvel Clube.
   Na boca de todos, em qualquer canto da cidade (nos clubes ou nas ruas) as marchas-rancho se tornavam hino.
A cada ano ,com tempo de antecedência aprendíamos as músicas que seriam tocadas e cantadas a exaustão.Exaustão? E quem demonstrava cansaço, ainda que ele se fizesse presente?
Quantas gerações conhecem e cantam até os nossos dias: “Bandeira branca”, “Jardineira”, “Cabeleira do Zezé”, “Colombina”, “Mamãe eu quero” e tantos outros sucessos!
 É prova inconteste que o que é bom perpetua e feliz de quem não tem culpa de gostar do que é bom! Havia no ar uma expectativa com a chegada do carnaval desde a compra de fantasias a ingressos para os bailes nos clubes, como também gerava ansiedade poder ir às ruas ver ou participar dos desfiles populares.
Tudo girava em torno da alegria garantida nos “três dias de folia”. E quando estes chegavam... não havia quem não fizesse valer os versos da canção: “Deixei a tristeza lá fora/ mandei a saudade esperar/ hoje eu não quero sofrer/ quem quiser que sofra em meu lugar”.
 Mas... sem nostalgia: são outros carnavais!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alzira Vargas: O parque do abandono

Carta de despedida de Leila Lopes