Decálogo da Velhice
Wanderlino Teixeira Leite Netto(*)
1) No aconchego do útero, a Velhice começa a tecer sua teia.
2) Descartada a sedução dos eufemismos, Velhice é Velhice mesmo e como tal deve ser vivenciada.
3) A Velhice suaviza-se pela aceitação do inexorável e pelo desejo de agir na construção do ainda possível.
4) Qualquer pessoa tem o direito de assumir a Velhice e de expor, sem constrangimentos, as marcas do tempo.
5) Idade avançada, por si só, não impõe respeito. Os canalhas também envelhecem.
6) Ao velho são permitidas, anualmente, meia dúzia de ranhetices e igual quantidade de impertinências, pelas quais será perdoado sem necessidade de penitências.
7) São prerrogativas do portador de Velhice pijama de flanela e meias de lã para esquentar o corpo e afeto de netos para aquecer a alma.
8) A quem envelheceu é facultado cozinhar o presente em fogo brando e o futuro em banho-maria.
9) O sonho não é privativo do jovem. Também ao velho reserva-se o privilégio de adubar quimeras.
10) Envelhecer com dignidade é caminhar serenamente em direção ao crepúsculo.
(*)Wanderlino Teixeira Leite Netto(carioca) e radicado em Niterói desde os 4 anos de idade.É Poeta, cronista, contista, ensaísta, biógrafo e historiador.
Comentários