Triste Primavera

A primavera em Campos tem, para mim, as cores dos ipês amarelos da Beira-Valão.

Meu pai me levava para vê-los quando floresciam, e eu criança me encantava com a beleza do amarelo explodindo pelos galhos, os ramos e derramados pela calçada.

Entre eles um ipê roxo sobresaía-se pelo contraste de cores.

Cores que inundaram minha infância de menino e pintaram meu imaginário de poesia.

Cores de um tempo de inocência, de queimado e pique-bandeira na rua com meus primos.

Desde então busco em algum lugar as cores, o cheiro, as formas e os sonhos de menino que se perderam no caminho.

Desde então busco minha infância que se desgarrou de mim.

Desde então vago menino, estranhando o mundo, as cores, cheiros e formas dos meus dias atuais, estranhando-me acima de tudo.

Comentários

Ana Paula Motta disse…
Que belo texto,carregado de nostalgia e poesia.
walnize carvalho disse…
Tudo que é contemplativo nos leva a uma reflexão.Sua crônica é doce melancolia!
Parabéns!
Walnze

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