Impressões de um debate.
Ultimamente venho, democraticamente é bom que se diga, travando um debate com alguns blogueiros, ente eles nosso indefectível Xacal, o Roberto Torres e alguns anônimos, à respeito da administração Lula.
Evidentemente, não disponho do arsenal de argumentos ferinos e sempre afiados do Xacal, ou do arcabouço teórico do Roberto, mas isso não me intimida, na medida em que expresso minhas opiniões com a certeza de quem acredita no que pensa, até prova em contrário.
Não vou aqui enumerar mais uma vez todas as, no meu ponto de vista, incongruências do nosso Barbudinho neo-líbero-sindical, já que isto foi feito demasiadas vezes em posts e comentários anteriores nos respectivos blogs.
Quero focar a administração Lulalá num aspecto maior, a meu ver, que é um projeto de país cidadão no sentido maior do termo. É neste ponto, no meu entendimento o que realmente importa, é que tanto o Lula quanto o FH fracassaram rotundamente, como diria o Brizola.
Os números mostrando avanços na geração de emprego, estabilidade econômica, transferência de renda, etc..., a mim não me impressionam nem me dizem muito, até porque os BRIC são mesmo a bola da vez do investimento de capital internacional. O mesmo está se passando na Índia, China e Rússia, até com mais relevo em vários aspectos. Além disto é para isto mesmo que um presidente é eleito, e se os outros não lograram alcançá-los, problema deles.
É bom que se diga, que no campo econômico, foi o aprofundamento, com mais competência na gerência, da política neo-liberal implantada pelo FH, tão apedrejado pelos petistas, que possibilitou estas conquistas. Não vai aqui nenhuma defesa da administração anterior, que eu considero catastrófica, entreguista e tão corrupta quanto a atual.
Aqui, abro um parêntesis. O Lula e seu grupo mais próximo é a esquerda permitida pelo capital internacional, o líder sindical domado e transformado em arguto político que joga o jogo dos conchavos e favorecimentos de compadrio inconfessáveis como um mestre, e por isso mesmo deixa esta oposição anacrônica e oportunista sem discurso, e não um monstro indecifrável para a oposição como quer o Roberto. O acordo de não agressão FH / Lula (alinhavado por baixo dos panos) antes da campanha que mobilizou este país como nunca, a escolha do simpático conservador Alencar, sepultando pretensões históricas da esquerda, a simpatia pessoal do Bush Jr e seus telefonemas, entre outras evidências, reafirmam o pacto de confiabilidade que o nosso Lulalá firmou com os donos do capital internacional.
O que elimina quase qualquer possibilidade de oposição organizada ao Lula é o caráter assistencialista dos programas-esmola governamentais, que garante índices de popularidade indiscutíveis, além claro, das bobagens de gosto duvidoso que ele fala nas inaugurações da vida, de forte apelo popular, enquanto o empolado discurso do finado FH era tão empático como uma aula de javanês arcaico.
É visível por parte dos meus amigos debatedores o aspecto partidário dos seus argumentos, nada contra, mas também isto não me seduz ou impressiona. Não acredito neste modelo de política partidária como um vetor de mudanças sociais importantes. Para mim, são todos farinha do mesmo saco, uma espécie de Garotinho x Arnaldo em escala macro.
O presidente/administração que me impressionará será aquele que promover uma autêntica revolução pela educação cidadã, como fez a Cuba socialista e a Coréia capitalista, pelo acesso irrestrito à saúde pública de qualidade, que assegure transporte de qualidade a preço accessível aos cidadãos de menor renda, que dignifique o atendimento ao idoso e os retirem das filas humilhantes.
Continuamos a ser o país dos analfabetos, analfabetos funcionais e semi analfabetos, das grades nos muros das casas e edifícios, das ruas esburacadas e mal iluminadas, da violência estúpida e paralizante, das estradas privatizadas ou públicas de péssima qualidade, do medo de sair à pé depois das 8 da noite, dos hospitais inviáveis e da cidadania impossível, do medo da polícia, do bandido ou da milícia, com Lula ou FH no governo.
Os números do governo Lulalá me remetem ao sujeito que agora pode comprar um Gol novo, desde que o cadeado o proteja, ande bem devagar por causa dos buracos, não pare nos sinais para não ser assaltado e ainda assim tenha que pagar um IPVA estratosférico. Aleluia!
Ou o que agora pode comprar a TV nova nas Casas Bahia e pagar o custo de 3 aparelhos em 24 meses, levar para casa na van e rezar para um pico de luz não destruí-la. Viva!
Meia-boca, governo meia-boca!
Para mim, isto não serve, não me convence! Continuamos sendo cidadãos de quinta categoria nas filas dos bancos, na hora de comprar o material escolar dos nossos filhos, na hora de exigirmos nossos direitos de consumidores, na hora de recebermos nossa primeira aposentadoria.
É claro que uma administração, apenas uma, não seria capaz de mudar tudo isto aí, mas esperava-se políticas públicas integradas que apontassem nesta direção, e não o velho butim da máquina federal de sempre, o escárnio escuspido nas nossas caras pelos cafajestes de sempre. Como se sentir cidadão sabendo que o Lula convocou de volta à ativa o Collor?
Como estabelecer novas alianças para governar este continente chamado Brasil? Não conte comigo nessa, Xacal. Este é o papel do Lula. Quem tentou ser presidente quatro vezes ao longo de 16 anos deveria ter um plano. Meu papel é avaliar se meu voto foi válido ou não e esperar a próxima eleição.
O resto é filigrana adornada por torcida de arquibancada.
Evidentemente, não disponho do arsenal de argumentos ferinos e sempre afiados do Xacal, ou do arcabouço teórico do Roberto, mas isso não me intimida, na medida em que expresso minhas opiniões com a certeza de quem acredita no que pensa, até prova em contrário.
Não vou aqui enumerar mais uma vez todas as, no meu ponto de vista, incongruências do nosso Barbudinho neo-líbero-sindical, já que isto foi feito demasiadas vezes em posts e comentários anteriores nos respectivos blogs.
Quero focar a administração Lulalá num aspecto maior, a meu ver, que é um projeto de país cidadão no sentido maior do termo. É neste ponto, no meu entendimento o que realmente importa, é que tanto o Lula quanto o FH fracassaram rotundamente, como diria o Brizola.
Os números mostrando avanços na geração de emprego, estabilidade econômica, transferência de renda, etc..., a mim não me impressionam nem me dizem muito, até porque os BRIC são mesmo a bola da vez do investimento de capital internacional. O mesmo está se passando na Índia, China e Rússia, até com mais relevo em vários aspectos. Além disto é para isto mesmo que um presidente é eleito, e se os outros não lograram alcançá-los, problema deles.
É bom que se diga, que no campo econômico, foi o aprofundamento, com mais competência na gerência, da política neo-liberal implantada pelo FH, tão apedrejado pelos petistas, que possibilitou estas conquistas. Não vai aqui nenhuma defesa da administração anterior, que eu considero catastrófica, entreguista e tão corrupta quanto a atual.
Aqui, abro um parêntesis. O Lula e seu grupo mais próximo é a esquerda permitida pelo capital internacional, o líder sindical domado e transformado em arguto político que joga o jogo dos conchavos e favorecimentos de compadrio inconfessáveis como um mestre, e por isso mesmo deixa esta oposição anacrônica e oportunista sem discurso, e não um monstro indecifrável para a oposição como quer o Roberto. O acordo de não agressão FH / Lula (alinhavado por baixo dos panos) antes da campanha que mobilizou este país como nunca, a escolha do simpático conservador Alencar, sepultando pretensões históricas da esquerda, a simpatia pessoal do Bush Jr e seus telefonemas, entre outras evidências, reafirmam o pacto de confiabilidade que o nosso Lulalá firmou com os donos do capital internacional.
O que elimina quase qualquer possibilidade de oposição organizada ao Lula é o caráter assistencialista dos programas-esmola governamentais, que garante índices de popularidade indiscutíveis, além claro, das bobagens de gosto duvidoso que ele fala nas inaugurações da vida, de forte apelo popular, enquanto o empolado discurso do finado FH era tão empático como uma aula de javanês arcaico.
É visível por parte dos meus amigos debatedores o aspecto partidário dos seus argumentos, nada contra, mas também isto não me seduz ou impressiona. Não acredito neste modelo de política partidária como um vetor de mudanças sociais importantes. Para mim, são todos farinha do mesmo saco, uma espécie de Garotinho x Arnaldo em escala macro.
O presidente/administração que me impressionará será aquele que promover uma autêntica revolução pela educação cidadã, como fez a Cuba socialista e a Coréia capitalista, pelo acesso irrestrito à saúde pública de qualidade, que assegure transporte de qualidade a preço accessível aos cidadãos de menor renda, que dignifique o atendimento ao idoso e os retirem das filas humilhantes.
Continuamos a ser o país dos analfabetos, analfabetos funcionais e semi analfabetos, das grades nos muros das casas e edifícios, das ruas esburacadas e mal iluminadas, da violência estúpida e paralizante, das estradas privatizadas ou públicas de péssima qualidade, do medo de sair à pé depois das 8 da noite, dos hospitais inviáveis e da cidadania impossível, do medo da polícia, do bandido ou da milícia, com Lula ou FH no governo.
Os números do governo Lulalá me remetem ao sujeito que agora pode comprar um Gol novo, desde que o cadeado o proteja, ande bem devagar por causa dos buracos, não pare nos sinais para não ser assaltado e ainda assim tenha que pagar um IPVA estratosférico. Aleluia!
Ou o que agora pode comprar a TV nova nas Casas Bahia e pagar o custo de 3 aparelhos em 24 meses, levar para casa na van e rezar para um pico de luz não destruí-la. Viva!
Meia-boca, governo meia-boca!
Para mim, isto não serve, não me convence! Continuamos sendo cidadãos de quinta categoria nas filas dos bancos, na hora de comprar o material escolar dos nossos filhos, na hora de exigirmos nossos direitos de consumidores, na hora de recebermos nossa primeira aposentadoria.
É claro que uma administração, apenas uma, não seria capaz de mudar tudo isto aí, mas esperava-se políticas públicas integradas que apontassem nesta direção, e não o velho butim da máquina federal de sempre, o escárnio escuspido nas nossas caras pelos cafajestes de sempre. Como se sentir cidadão sabendo que o Lula convocou de volta à ativa o Collor?
Como estabelecer novas alianças para governar este continente chamado Brasil? Não conte comigo nessa, Xacal. Este é o papel do Lula. Quem tentou ser presidente quatro vezes ao longo de 16 anos deveria ter um plano. Meu papel é avaliar se meu voto foi válido ou não e esperar a próxima eleição.
O resto é filigrana adornada por torcida de arquibancada.
Comentários
veja que você é capaz de aceitar alguns avanços do governo, mas não os contextualiza, nem ao menos entende a dificuldade que é ter algum projeto progressista nesse país...e eu sei que você sabe do que falo...
tampouco você exemplifica ou revela o que é esse "projeto de país cidadão", no sentido amplo do termo...
ainda que eu chame para mim a responsabilidade de decifrar essa sua premissa(projeto país cidadão)como melhora dos níveis de renda e diminuição da desigualdade(em curso, no atual governo/dados do PNAD, citados pelo IPEA), melhoria nos níveis de emprego, apesar do "tsunami" internacional, que aqui virou "marolinha"(em curso, no atual governo), a expansão das vagas no ensino superior, em nível jamais visto(em curso no atual governo), no aumento da capacidade de pesquisa e produção da petrobrás, com domínio nacional das jazidas(em curso no atual governo), com a maior inclusão mundial de pobre do mercado consumidor, 20 milhões(em curso no atual governo), etc, etc, etc...
não dá para reduzir tudo a uma questão estrtural capitalista, e dizer que o Brasil vai bem porque os Brics vão bem...não é tão sium ples assim, pois Índia e China já cresciam enormemente no período FFHHCC, e nem por isso, essa onda chegou aqui, ao contrário: quebramos junto com a Rússia, em uma crise cíclica bem menor...Para você, se deu certo, é porque é quase espontâneo, mas se desse errado, a culpa seria nossa...
Lembre-se da falta democracia na Rússia e China, e na enorme desigualdade e precariedade indiana, e veja que, ainda assim, mesmo que com índices menores de crescimento, podemos dizer que a "qualidade" de nosso crescimento é um pouco melhor, pois bem sabes, na China os trabalhadores sofrem com salários de menos de 1 dólar/dia...
O Brasil não é uma maravilha, mas não coloque na conta do presidente problemas que não são apenas dele, ainda que sua responsabilidade seja residual, na medida que é o maior mandatário do país: IPVA é atribuição dos Estados, buracos, das prefeituras, violência urbana, dos Estados(polícias) e dos municípios(Guardas)...
Você sabia, por exemplo, que dos 2 bilhões do PRONASCI(programa nacional de segurança e cidadania)executado pela União para auxiliar os governos estaduais e municipais, apenas 10% foi empregado pelas prefeituras e estados, por absoluta falta de projeto e competência para gerir esses fundos, e que o dinheiro permanece, INTACTO, nas contas...?
por fim, façamos nossa "revolução" democrática, sem queimar etapas, e nem com o custo da tristeza dos cidadãos...não quero o pão(aqui, entendido como educação) sem liberdade cubano, nem a depressão coreana...sabes que é o país líder em suicídios entre jovens, pela pressão do sistema educacional...? pois é, eu também não sabia...
isso não nos isenta de nossa responsabilidades, mas eu prefiro fazer do nosso jeito, com erros e acertos, mas evitando modelos prontos...
como já disse: vote em quem quiser, reclame quando quiser, mas escolha os argumentos mais sofisticados, sim por que você pode...o triste é ver você repetir essa chorumela neoudenista, sem criatividade e sem esteio teórico...
yes, claúdio, you can...!
Me desculpo sinceramente pela falta de sofisticação que a mim me toca ao expor minhas idéias chinfrins e mequetrefes.
Além disso, chorumela por chorumela, chorumelamos todos, cada qual a sua chorumela cotidiana.
Para teatralizar um pouco o debate, encerro esta querela com o famoso título da peça do Pirandello:
"Assim é, se lhe parece..."