Guarabira, um exemplo para muitos

Nos últimos tempos tenho visto com mais frequência a TV Justiça (Canal 12 da Via Cabo), e hoje vi uma matéria muito bacana que gostaria de dividir com os amigos do Sociedade. O nome do programa é "Brasil.Jus" e retratou a realidade de uma pequena cidade no norte da Paraíba, reconhecidamente um estado brasileiro menos favorecido nos âmbitos social, financeiro e político.

Guarabira é esta cidadezinha que tem entre as suas características marcantes a forte religiosidade de seus habitantes. Ali podemos encontrar ainda as famosas "carpideiras", que são aquelas mulheres que choram nos enterros de pessoas que nem conhecem.

Mas, Guarabira vai muito além disso. É hoje um exemplo vivo e inovador da ressocialização de presos, um assunto tão polêmico e comentado nas rodas jurídicas.

Tudo começou há 2 anos, quando o Juiz da cidade, Bruno César Isidoro, teve a ideia de criar a Rádio Esperança, uma rádio comunitária que funciona no Forum do município, e é voltada para toda cidade, mas com especial atenção para os 500 presidiários de Guarabira.

Com isso, o magistrado criou um canal aberto com os detentos que frequentemente participam do programa afim de tirar dúvidas sobre os seus processos. Importante que se ressalte a conduta do juiz, que faz questão de não usar o "juridiquês" em suas intervenções radiofônicas, facilitando a participação mais ativa de toda a comunidade. Digo isto porque os habitantes de Guarabira adoram a programação da Rádio Esperança, que tem 60 caixas de som espalhadas pela cidade, e uma programação com muita música, religiosidade e esportes, o que acaba atraindo mais ainda a atenção de todos. Na rádio, voluntários que trabalham no Forum e presidiários se revezam nas várias funções.

Para terminar, Guarabira é a primeira cidade brasileira a utilizar as tornozeleiras eletrônicas, que são monitoradas em tempo real.

O resultado desta ideia? Desde o surgimento da Rádio Esperança, só houve uma tentativa de fuga e nenhuma rebelião no presídio de lá. Os presos trabalham em equipe de maneira voluntária e, com isso, ainda conseguem a diminuição da pena.

Claro que não é possível adotar métodos como este no Brasil todo. Mas trata-se de um belíssimo exemplo e uma verdadeira lição para a maioria da justiça no país.