Pela data
Walnize
Carvalho
Há quem
acordará hoje e correrá para os braços dele e com presente em mãos ficará
esperando que ele desate o enorme laço de fita. Ao fim de alguns minutos,
desajeitado e cheio de cuidados, ele conseguirá abrir a embalagem. Com um largo
sorriso e um leve toque de mãos em sua face lhe dirá: - Não precisava se
preocupar comigo...
Há quem
acordará hoje e visitará algum templo sagrado para meditar e rezar por ele
(esteja ainda vivo ou que já tenha partido).
Há quem
acordará hoje e irá à floricultura em busca de um buquê de flores e levará ao
campo santo a fim de enfeitar a última morada daquele ente querido.
Há quem
acordará hoje e abrirá jornais,acessará a internet,vera na tevê, poemas, artigos, crônicas e reportagens
cujo tema principal será ele. Uns se emocionarão; outros darão de ombros e
dirão: “É tudo meramente comercial...”
Há quem
acordará hoje e ouvirá bem cedinho no rádio: “Meu querido, meu velho, meu
amigo” e, repetidas vezes, ao longo do dia o sucesso musical de Fábio Jr., que
tocarão bem no fundo da alma num misto de melancolia e saudade.
Há quem
acordará hoje e adiará qualquer projeto a fim de fazer-lhe uma visita, pois com
a vida atribulada que leva não tem tido tempo de vê-lo. Aproveitará, quem sabe,
para levá-lo a dar uma voltinha no seu carro novo.
Há quem
acordará hoje e lhe dará um breve telefonema feito de monossílabos: “É...”,
“Pois é...” ou de pequenas falas: “Parabéns pelo seu dia!”, “Queria estar com
você...”.
Há quem
acordará hoje e movido pelo “espírito da coisa” agendará em algum restaurante
um almoço familiar.
Há quem
acordará hoje e ficará esperando abraços, troca de afetos e conversas.
E, há quem
acordará hoje (como eu) e pensará nele com saudade,com respeito, com admiração, com Amor e o
imenso orgulho da figura inesquecível do grande PAI.
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