Riscos

      

Walnize Carvalho
                          Aprendeu, quando criança ,que Deus estava no céu a olhar tudo na Terra.
                  E foi assim, brincando com esta lembrança, que a mulher olha pela janela do seu apartamento.
                     Manhãzinha. Dia de sábado. Rua de pouco movimento. Quase deserta.
                 Observa que uma camioneta acaba de estacionar. Um rapaz desce e deixa na calçada, vários cocos. Ali, mais tarde, o vendedor e sua barraquinha iniciarão sua atividade diária.
                   A mulher inquieta-se e fica a vigiar a mercadoria.
            Seus olhos correm. Mais adiante, na porta de um Mercadinho, um caminhão estaciona. Um senhor deixa na porta, caixotes de verduras. Horas depois, o estabelecimento estará aberto.
                  A mulher, preocupada, desvia o olhar.
             Agora se detém na banca de jornais, ainda fechada. Ao lado, malote de matutinos.
                A mulher, que “brinca de Deus” olha para o céu procurando calmaria. E olhando as nuvens, que despreocupadas, riscam desenhos no infinito, encontra tranquilidade.
              Por um segundo - um segundo apenas – sente que há na Terra ainda quem acredite em honestidade.
Reflete: é preciso seguir em frente, o risco de perder é menor do que o de esperar.
               O sol despontando no horizonte clareia o seu rosto.
            A mulher sai da janela.
            Resolve depositar seus cuidados sobre as atividades, que terá
no novo dia que começa.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alzira Vargas: O parque do abandono

Carta de despedida de Leila Lopes