Vítor Menezes deixa seu recado sobre situação do Monitor
Hoje é um dia muito triste para nossa cidade. O jornal "Monitor Campista", um dos mais antigos do país, com 175 anos de existência, circula neste domingo pela última vez. O jornalista Vitor Menezes, um dos mais lúcidos e inteligentes que eu conheço, deixa seu recado no último texto que escreveu no jornal. Sou mais um a torcer para que a situação se reverta, e que tenhamos a continuidade do Monitor.
Eis o texto do tricolor Vítor Menezes, também encontrado no Blog Urgente, que por sinal, há dias faz uma cobertura maravilhosa sobre o assunto:
"Já escrevi para a última edição de um jornal uma vez. Mas nunca o fiz para algum que tivesse 175 anos e a importância deste Monitor Campista. É um privilégio às avessas e simplesmente não sei como fazê-lo. Até porque não quero acreditar que esta realmente seja a sua derradeira aparição pública. Isto em muito se assemelha à negação da morte de um parente muito querido, naquele momento em que “não cai a ficha”, e você se protege para não enfrentar a insustentável dor da perda.
Não é possível tratar com distanciamento. Mas também é temerário entregar-se de modo passional a um texto que circulará em nebulosa situação de indefinição em relação ao futuro deste jornal — sim, futuro, ainda creio em seu futuro.
Tanto quanto me é possível, registro apenas que esta suspensão na circulação que se faz hoje é absolutamente injustificável. E que o fim do jornal seria não apenas desnecessário, mas criminoso. E isso não no sentido figurado, mas naquele preconizado pelo Código Penal mesmo.
Que a história saiba que este jornal não morreu em razão de suas supostas deficiências financeiras – que, a rigor, não existem. Ele está sendo assassinado. É um caso de homicídio que precisa ser investigado e ter seus responsáveis punidos. Ao que tudo indica, o colocaram em uma não esclarecida cesta de acordos comerciais, como se produto qualquer o fosse, e desprezaram a sua importância para o Brasil e para o Norte Fluminense.
Desdenharam a opinião pública campista e até mesmo a dor dos próprios funcionários do jornal, com a completa ausência de informações sobre a situação da publicação e a razão para este momento triste pelo qual passamos.
E, ao contrário de contribuir para mantê-lo, significativos setores das elites políticas e econômicas locais se mostram mancomunados com um ardil de tal vilania que sequer têm coragem para expô-lo publicamente.
Muito provavelmente foi este o motivo por não terem comparecido no ato público na última sexta-feira, quando leitores e representantes de várias instituições vieram abraçar simbolicamente o jornal, em uma manifestação histórica em frente à sua sede. Como iriam explicar publicamente o que tramam?
Despedir-se em um dia como hoje, em que se lembra a passagem de 120 anos da Proclamação da República — fato, inclusive, coberto por este jornal —, parece uma ironia diante da constatação de que assuntos como a sobrevivência de um patrimônio como este ainda não sejam tratados de modo republicano e transparente.
Se o Monitor não voltar, hipótese que não aceito, que a história saiba ao menos identificar seus assassinos. Mas, como acredito na força deste jornal, que já superou outros momentos de suspensão de circulação, prefiro me despedir com um “até breve”.
Não é possível tratar com distanciamento. Mas também é temerário entregar-se de modo passional a um texto que circulará em nebulosa situação de indefinição em relação ao futuro deste jornal — sim, futuro, ainda creio em seu futuro.
Tanto quanto me é possível, registro apenas que esta suspensão na circulação que se faz hoje é absolutamente injustificável. E que o fim do jornal seria não apenas desnecessário, mas criminoso. E isso não no sentido figurado, mas naquele preconizado pelo Código Penal mesmo.
Que a história saiba que este jornal não morreu em razão de suas supostas deficiências financeiras – que, a rigor, não existem. Ele está sendo assassinado. É um caso de homicídio que precisa ser investigado e ter seus responsáveis punidos. Ao que tudo indica, o colocaram em uma não esclarecida cesta de acordos comerciais, como se produto qualquer o fosse, e desprezaram a sua importância para o Brasil e para o Norte Fluminense.
Desdenharam a opinião pública campista e até mesmo a dor dos próprios funcionários do jornal, com a completa ausência de informações sobre a situação da publicação e a razão para este momento triste pelo qual passamos.
E, ao contrário de contribuir para mantê-lo, significativos setores das elites políticas e econômicas locais se mostram mancomunados com um ardil de tal vilania que sequer têm coragem para expô-lo publicamente.
Muito provavelmente foi este o motivo por não terem comparecido no ato público na última sexta-feira, quando leitores e representantes de várias instituições vieram abraçar simbolicamente o jornal, em uma manifestação histórica em frente à sua sede. Como iriam explicar publicamente o que tramam?
Despedir-se em um dia como hoje, em que se lembra a passagem de 120 anos da Proclamação da República — fato, inclusive, coberto por este jornal —, parece uma ironia diante da constatação de que assuntos como a sobrevivência de um patrimônio como este ainda não sejam tratados de modo republicano e transparente.
Se o Monitor não voltar, hipótese que não aceito, que a história saiba ao menos identificar seus assassinos. Mas, como acredito na força deste jornal, que já superou outros momentos de suspensão de circulação, prefiro me despedir com um “até breve”.
[Artigo publicado na edição de hoje do Monitor Campista] "
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