Marolas-Walnize Carvalho



É manhãzinha.
À beira-mar observo as marolas. Um balé sincronizado da natureza.
Uma sensação nostálgica e ao mesmo tempo prazerosa invade-me.
As netas adolescentes passam férias no lugar onde, em tempos idos, também desfrutei do descanso escolar. Que, aliás, de descanso não tinha e nem tem nada, uma vez que haja fôlego para agüentar e muita energia para gastar.
Agora, na platéia, estou na primeira fila assistindo e aplaudindo as meninas. Gestos largos e alegria incontida... É o teatro da Vida.
Surgem novas amizades.
Não faltam disputas no espelho, troca de roupa a toda hora, cochilos e gargalhadas confrontando-se a cada minuto. Como também idas e vindas ao vôlei, à sorveteria e à casa de amigas.
E tome festa improvisada, mesada acabada e a grana que você dá sempre um jeitinho de arrumar para compra de algo novo que aparece.
Sem contar com as perguntas que interrompem a sua leitura na rede: - Vó! Fiquei bem com este vestido? A sandália está combinando?
E as reclamações que atrapalham a sua sesta: - Meu cabelo está uma droga! Meu biquíni ainda não secou!
A gente tenta esboçar sentimento: “Vamos conversar um pouco?” ou cercar-se de argumento: “Tome um leite ou um suco!”. Mas, elas saem em disparada, pois não têm tempo a perder.
Só lhe resta ficar ali, mergulhada em seus pensamentos, buscando no tempo, seu tempo, sem tempo de voltar...
Logo brotam um sorriso no canto de sua boca e uma lágrima furtiva em seus olhos.
Ao longe, o barulho do mar a atrai. Você atende ao chamamento e vai ao seu encontro.
Na areia, pés descalços, posta-se em frente ao majestoso gigante e bendiz a dádiva de ainda estar por ali para saudá-lo mais uma vez!

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