Café matinal



 
Walnize Carvalho 



Levantei-me cedo.
Ao invés de ficar sob os lençóis desfrutando de mais uma hora de sono - repito – levantei-me cedo. 
Em mente, planos de ocupar o dia faxinando armários, arrumando gavetas, arquivando papéis . 
Janelas e portas abertas – primeiro ato do dia. 
Lentamente dirigi-me à cozinha a fim de preparar o café matinal. 
Uma brisa suave corria pelos cômodos da casa. O sol que já estava lá fora dando plantão veio espalhar seu sorriso por entre as venezianas.
Falei no astro-rei e lembrei-me da frase (cujo autor desconheço) que gosto de repetir para algumas pessoas consideradas realmente amigas: “Não importa se o sol não apareça todos os dias; o que importa é a certeza de que ele existe.” A traduzo assim: Há amigos que mesmo que não se tenha contato diário sempre se pode contar com eles... São verdadeiros “soldados no quartel” a nos bater continência ao nosso recrutamento. 
Distraída com meus pensamentos fui despertada pelo canto insistente de um pássaro: - Bem-te-vi! - Bem-te-vi!!!
Coloquei xícaras sobre a mesa e caminhei ao encontro da ave madrugadora. 
Dirigi-me à porta da cozinha olhando em todas as direções: para o céu, para o muro alto que divide minha casa com a do vizinho, para as frestas do telhado, para os galhos da árvore no fundo do quintal e ... nada de encontrar a “visita matinal”. E ela como a brincar de pique-esconde repetia: - Bem-te-vi! - Bem-te-vi!!!
Balancei a cabeça e com um sorriso nos lábios sentei-me à mesa. A placidez veio me fazer companhia. 
Sorvi o café vagarosamente e tornei a mergulhar em reflexões: o pássaro chegou. Quebrou o ambiente silencioso com seu vigoroso canto sem se importar de ser visto. Como o esplendoroso sol. Como o autêntico amigo.

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