A aventura de uma passageira de van
Walnize Carvalho
Bem que poderia iniciar a crônica assim: “Matou o mosquito e, em seguida matou a sede”, pois foi a primeira manifestação que ouvi dentro da Van, que usava como meio de transporte indo da praia em que veraneio rumo à cidade, naquela luminosa manhã.
Eis que um passageiro com uniforme do CCZ virou-se para o colega e disse: -Rapaz!... Ontem fiz a tarefa do dia, entrei em um bar e tomei oito latinhas!...
Foi a deixa para que eu buscasse na bolsa papel e caneta e começasse a fazer anotações, pois pressentia que colheria diálogos interessantes do cotidiano, como o que captei entre dois torcedores do Flamengo: os identifiquei pelas camisas do time e pela “Ronaldomania”...
Como um radar girava meu rosto em várias direções, a fim de não perder nenhum detalhe. Observei que o motorista não usava cinto de segurança. Ora olhava para trás a fim de papear com um senhor que viajava em pé ,ora falava ao celular...
Em determinado trecho da viagem a “trocadora” desceu para comprar um jornal a pedido de um passageiro. Este pagou, agradeceu e exclamou: - Tenho que saber tudo sobre “as tragédias!” ...
Uma grávida viajava em pé.
Duas amigas contavam suas venturas e desventuras. Dizia a primeira: - Chamei o marido pra ir à festa de São Sebastião! Não quis ir... “garrei “as crianças e saí “rufando”! E a outra, em meio a um sorriso irônico: - Você é tinhosa!...
De cinco em cinco minutos a condução diminuía a velocidade, pois pessoas na estrada faziam sinal para embarque. Eram avisadas pela ajudante do motorista com a frase:- Só em pé! –Só em pé! Uns embarcavam; outros não!...
Um rapaz prendeu a mão na porta.
Uma mistura de sons, odores e cores: celulares, perfumes, trajes coloridos, uniformes de firmas comerciais, jalecos brancos...
A cada distrito em que se passava começavam os desembarques: “Pare na marquise!...No Postinho!...No Azeredo!...No pé de manga!...Na Auto- escola!...No DPO!...No Posto de Gasolina!...Na praça!...Na igreja!...Em frente ao cemitério!...
De repente, me senti observada. Uma senhora dirigiu-se a mim cheia de conselhos : -Faz mal a vista estudar no carro em movimento!
Sorri agradecida, guardei caneta e papel na bolsa e pedi ao motorista : - Por favor, pare no Cine São José!...
Comentários
Maravilha, Walnize!!!
Já passei por uns apertos desses.
rsrsrs
Fiz a crônica com a fidelidade do relato do momento sem ridicularizar e me incluindo na cena "descendo no "Cine São José"!...rsrsrs
Ana,
Pena que não ter podido ir ao show e ter perdido "o céu estrelado"
Apareça para ver de manhãzinha o nascer do sol!
Bjs,
Wal