"Cidade de Deus" completa 10 anos como marco do cinema nacional
Daniel Solyszko
Do UOL, de São Paulo
Do UOL, de São Paulo
Em 30 de agosto de 2002, “Cidade de Deus” estreava nos cinemas brasileiros. Violência urbana e favelas já tinham sido mostradas inúmeras vezes no cinema nacional, mas o filme foi celebrado por trazer uma nova linguagem para as telas, deixando para trás tanto a pesada herança intelectual do Cinema Novo quanto o estilo mais apelativo do cinema popular dos anos 1970 e 1980.
O longa-metragem de Fernando Meirelles e Kátia Lund chamou a atenção de crítica e público por sua pegada pop, com uma montagem e uma fotografia que lembravam a estética da publicidade e dos videoclipes (os dois diretores tinham experiência nessa área), mas validadas por um roteiro consistente. Principalmente, era um filme cuja produção tinha um padrão de qualidade internacional.
O filme acabaria lucrando US$ 30 milhões internacionalmente e quatro indicações para o Oscar, incluindo melhor direção e roteiro adaptado.
O livro de Paulo Lins no qual o filme foi baseado havia sido lançado em 1997 com bastante sucesso pela Companhia das Letras.
A relação entre a diretora Kátia Lund e o escritor começou quando ela o entrevistou para o documentário “Notícias de Uma Guerra Particular” (1999), que fez com João Moreira Salles.
A diretora já conhecia bem as favelas cariocas e foi responsável por fazer a conexão entre a comunidade e a produção do filme. “Eu já estava muito envolvida com tudo aquilo antes de o filme acontecer. O documentário não tinha atingido tanta gente, e vi uma oportunidade ali. Eu vejo o filme [Cidade de Deus] como o resultado de 10 anos de trabalho. Foi o ápice de tudo que eu já tinha feito antes”, diz.
Uma das principais contribuições da codiretora se deu no seu trabalho com os atores, a maioria composta por não profissionais que habitavam as favelas do Rio. Uma das coisas que mais chamam a atenção no filme é a espontaneidade das interpretações
Documentário
Como parte das comemorações de 10 anos da obra, os diretores Cavi Borges e Luciano Vidigal rodaram um documentário, atualmente em fase de edição, mostrando o que aconteceu com o elenco. Borges conta que a ideia inicial era lançar o filme no Festival do Rio desse ano, mas ele não ficou pronto a tempo. “Se lançasse agora, não ia ficar como eu queria. Vamos tentar estrear o filme no Festival de Cannes do ano que vem, porque foi lá que tudo começou”, conta, referindo-se à estreia internacional do filme original.
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