Reminiscências de um nostálgico blogueiro
Acabo de ver, depois de quase 28 anos, o jogo de futebol que mais marcou a minha vida. Não, não foi nenhum jogo do meu amado Botafogo, até porque naquela época meu time não vivia uma fase muito boa.
Falo da seleção brasileira de 82. Falo do jogo que me fez chorar (e muito) pela primeira vez na vida por causa de futebol. Na verdade, depois desse jogo nunca mais o futebol, e principalmente a seleção teve a mesma graça para mim. Tinha 10 anos, morava em Cabo Frio e as recordações continuam vivas. Quem viveu aquele momento sabe bem do que estou falando.
E hoje ao ver boa parte do jogo- já que também fui assistir ao lindíssimo e emocionante "Chico Xavier" no cinema- me vi mais uma vez torcendo, vibrando, sofrendo como há 28 anos.
Escrevi pra caramba e agora percebo que até este momento, no quarto parágrafo desta nostálgica postagem, ainda não disse de que jogo se trata. Pois bem: Brasil 2 X 3 Itália, disputado no Estádio Sarriá em Barcelona. O jogo faz parte da belíssima programação dos "Clássicos do futebol mundial" que a ESPN transmite todas as terças há 2 meses. Sei que sou um pouco suspeito para falar do meu canal predileto, mas hoje mais uma vez eles deram show!! Os próprios narradores desta noite, João Palomino e Antero Grecco, - que estava no estádio naquele fatídico dia- durante a transmissão deixaram escapar diversas vezes o quanto esta partida marcou a vida dos dois. Muito legal!!
E hoje, às portas de uma nova Copa, e vendo este timaço com Zico (um grande ídolo deste blogueiro, apesar de ter sofrido tanto com seus gols), Sócrates, Falcão, Leandro, Júnior, entre outros, comandados pelo genial Telê Santana, fica realmente muito, mas muito difícil mesmo, achar qualquer outra copa legal ou qualquer outra seleção brasileira tão especial e digna da minha torcida. Sei que são outros tempos, mas pelo menos durante alguns minutos, me reservo ao direito de ainda hoje, quase 30 depois, continuar vibrando com aquele timaço!
Aquela sim era uma seleção!!
A propósito: para quem não viu e quer rever a partida, a ESPN Brasil repetirá no próximo domingo às 22:30. Neste horário, espero estar comemorando o título carioca. Que vou dedicar a três craques citados acima: Zico, Júnior e Leandro, não por acaso, jogadores que marcaram época no time da gávea.
PS- 1-Hoje mais uma vez torci para a cabeçada de Oscar entrar. Mas o Zoff pegou de novo.
Comentários
um abraço e parabens pelo texto
Zico falando sobre a Copa de 82 agora no Jô.
Tinha 11 anos. Chorei feito a criança que era, à época. Meu primeiro, único e último choro por causa de futebol.
Até hoje não acredito que Cerezo atravessou aquela bola. Já estive frente-a-frente com ele, em 98 ou 99, não me lembro bem, em São Januário. O Vasco recebia o Vitória, da Bahia, pelo Brasileirão. Cerezo treinava o time baiano. Como eu era o repórter da Rádio Continental escalado para "cobrir" o adversário do time do Rio, lá fui, incrédulo, entrevistar Cerezo. Não me lembro de nada que ele falou. Não prestei atenção. Olhava, atônito, para aquele homem. E vinha à lembrança, evidentemente, o lance fatídico da Copa de 82. Tive, confesso, vontade de dar com o microfone na cabeça dele.
Nunca vou esquecer da tragédia do Sarriá. Até o fim dos meus dias.
Tenho orgulho de dizer que conheci metade daquele time. Além do episódio com Cerezo, fui apresentado certa vez ao Valdir Perez num hotel em São Paulo onde ele estava hospedado com uma delegação japonesa.
Também entrevistei Leandro durante algumas horas, na pousada dele, em Cabo Frio. E troquei cumprimentos com Falcão (no Maracanã), Sócrates (no campo do Goytacaz, na época em que ele treinou a Cabofriense) e Júnior (na saída do campo do Americano).
Resumo dessa imensa postagem: após meu choro quase convulsivo, aos 11 anos, estive frente-a-frente com seis daquele time. Metade da equipe, em ocasiões diferentes que a vida me proporcionou. Nunca imaginei que isso ia acontecer. E a cada vez que lembro da Copa e dos encontros com aqueles craques, me dá vontade de chorar de novo.
Portanto, é hora de parar de escrever antes que tenha de pegar o lenço.
E a Itália tinha uma defesa forte e um meio de campo marcador ,coisa que o Brasil não tinha,com Gentile,Baresi,Sicrea,Conti e mais alguns.
Hoje, José Trajano leu mais de 80 mensagens na ESPN Brasil falando sobre o jogo. Somos muitos.
Mas hoje vendo o jogo novamente, reparei em 2 detalhes: no polêmico lance do Gentile rasgando a camisa do Zico, tive quase certeza que já havia sido marcado impedimento do brasileiro.
E quando já estava 3 a 2 para a Itália, Antognoni faz o quarto gol, mas que foi invalidado sob a justificativa de impedimento. Só que o italiano estava em posição legal. Aí mesmo no vídeo se você pausar no momento do passe, vai conferir que era para o gol valer.
A verdade é a seguinte: No jogo, a Itália foi mais competente. E acabou ganhando o jogo merecidamente.
Não era nascido em 82 ainda. Mas ouço falar nesse jogo desde moleque. Meu pai, tios, primos, até mesmo professores na escola e na faculdade. E ontem vi o segundo tempo do jogo.
Realmente acho que a Itália jogou melhor. Foi mais efetiva. E tinha um cara num dia inspirado. O tal Paolo Rossi. Já vi outros programas sobre copas e sempre que passa a Copa de 82 me dá uma vontade danada de ser mais velho. Queria ter sofrido naquele dia.