Onde os chatos não têm vez-Walnize Carvalho
Já foi dito por quem estuda (sem brincadeira, há quem pesquise sobre eles) que normalmente os chatos começam dizendo assim: “Fica chato dizer isso, mas...”.
Reitero. Fica chato dizer isso, mas... aproveito o título do filme “Onde os fracos não têm vez” – vencedor do Oscar 2008 – para, parafraseando, intitular minha crônica de hoje.
E onde os chatos não têm vez (dirão os que me lêem) já que em cada canto que se vá, lá está um à nossa espera?
Creio que o primeiro passo – ainda que heroicamente – é desviá-lo do nosso caminho.
Tenho cá minhas artimanhas (aceito sugestões dos leitores) tais como: trocar de calçada ao avistá-lo de longe; procurar na bolsa o celular; coçar a vista como se estivesse retirando um cisco e por aí vai...
Mas chato é chato. E há os com subtítulos, como: chato prá chuchu, chato de galocha e o hors concours chato pirotécnico. Este é o que nos aborda na rua, fala alto, gesticula, chama a atenção de todo mundo tornando-se um chato em duplicata, pois ele nunca perde seu tempo; perde o dos outros...
Falo em pesquisa sobre chatos e lembro-me de imediato do “Tratado geral dos chatos”, lançado em 1963, por Guilherme Figueiredo, irmão do ex-presidente João Figueiredo.
Nele o autor destrincha o assunto como ninguém (leitura para rir e gostar).
Mais adiante recordo ter ouvido ou lido frases lapidares: “Chato quando está com tosse nunca vai ao médico e sim ao teatro”; “Chato é aquele que você fala: - Passa lá em casa! E ele passa”; e uma que gosto muito: “Chato é o sujeito que te rouba a solidão sem te fazer companhia”.
Mas justificando o título de hoje (“Onde os chatos não têm vez”) é preciso, sutilmente, dar limite a eles e, por isso, vou encerrando a crônica já que corro o risco de torná-la...
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