Estado de espírito

À sombra negra da lua, o homem uiva pela rua.
Seus escombros interiores escorrem
junto ao vômito, cervejas e cigarros amassados
nas calçadas onde putas, cães e baratas
lhe emprestam um pouco de companhia.

Seus ombros, membros e anseios caídos como anjos imundos,
vagam pelas crateras da lua das suas ruas interiores,
vagas idéias desconexas escorridas para o bueiro
negro das suas palavras mudas, rotas e disformes.

Lua, rua, vômito. Tudo é uma língua negra
escorrendo pela sarjeta escura do mundo.

Comentários

Ana Paula Motta disse…
O texto é ácido,contundente, pleno na poesia crua.

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