A mancha e a reação americana, por Fernando Gabeira

Não queria mais falar de política. Na verdade posto aqui a opinião do deputado Fernando Gabeira sobre o crime ecológico que aconteceu esta semana nos EUA.

" A mancha de óleo está próxima do delta do Mississipi e o governo americano decide anunciar uma medida de impacto: não libera novas plataformas, enquanto não se descobrir a causa do acidente com a Horizon. Isto é uma medida mais simbólica, uma vez que não sabemos quantas plataformas iriam funcionar no futuro imediato.
A questão central é como impedir o vazamento de 5 mil barris diários, no que pode se tornar o maior desastre ambiental da história americana. Os jornais de hoje mostram os pássaros ameaçados e dizem que o atum azul, em extinção, também deve ser atingido.
O governo certamente vai atuar em duas frentes: impedir o vazamento e aprender com as causas.
Ambas decisões são importantes para nós. Quando formos realizar as audiências públicas indispensáveis para avaliar a exploração do pré-sal, o relatório norte-americano pode ser de grande utilidade, embora o vazamento tenha acontecido na camada pós-sal. É importante também conhecer a capacidade dos robôs nesse trabalho de recuperação. Se o processo for demorado e penoso na profundidade do poço americano, talvez seja pior se o buraco for mais embaixo.
São apenas algumas especulações iniciais. Espero que a Petrobras esteja atenta e mande gente para lá. No mínimo, ganharemos experiência. Quando se deu o desastre do Prestige, viajei à Espanha para acompanhar. Nos EUA, por motivos conhecidos de todos, isto não me é possível. Felizmente, nos dias de hoje, o fluxo de informações é grande. Vou tentar estudar o que existe neste fim de semana para, pelo menos, formular novas perguntas na segunda-feira.
Nos desastres anteriores, inclusive no da Exxon Valdez, o derramamento veio de navios. Quando voltei da Espanha, reforcei o pedido para que votassem no Brasil o projeto do casco duplo, uma excelente alternativa para os vazamentos em petroleiros. O aprendizado agora é diferente, embora a tentativa de conter o avanço da mancha sugira técnicas comuns. É preciso ver como se fecha um poço a esta profundidade, como se evita não um derramamento de um navio com carga limitada, mas o fluxo ininterrupto do óleo jorrando do próprio poço
."

Comentários

Cadinho RoCo disse…
Esta questão da segurança e do trabalho preventivo é sempre importante demais para que não fiquemos expostos a situações como esta que não é de um país e sim planetária.
Cadinho RoCo

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