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O pedido para divulgação chega da Vera Pletitsch:
"Exposição A arte e o mundo presente
Esculturas em Jornal, Ferro, Papel Vegetal
MARCELO CALDAS – Niterói – RJ
Veja foto de uma obra no anexo
Convite para participar do Encontro ARTES COMPARTILHADAS

O Encontro ARTES COMPARTILHADAS será realizado no dia 17 de outubro, sábado, das 14h às 17h, no SESC Campos, Av. Alberto Torres, 397, com a presença do artista Marcelo Caldas, que realizará uma oficina a partir das obras expostas, e aberto a todos os interessados.
Coordenação da artista plástica e arte-educadora Vera Pletitsch
As inscrições antecipadas podem ser feitas com Patrícia ou Celinha pelo fone (22) 2731-4063, das 12h às 20h.
O trabalho a ser desenvolvido tem como objetivo fazer uma real aproximação entre o fazer artístico e nossa realidade. Um olhar crítico sobre o mundo em que estamos. Uma reflexão sobre nossa relação com este mundo, como o pensamos e agimos sobre ele.
Não serão definidas regras ou métodos a priori. A proposta é abrir o olhar, ver o presente e o futuro de forma crítica e criativa, utilizando as tradicionais ferramentas da arte, buscando novas técnicas, pesquisando novos materiais, outros suportes e espaços de trabalho.
O circuito tecnológico-industrial nos abre tantas possibilidades quanto às questões políticas e ambientais. Devemos encarar todos com atenção. O ponto de partida para o trabalho de criação deve ser a liberdade, um olhar aberto e generoso sobre o mundo que habitamos.
Partindo do universo pessoal de cada integrante, discutiremos seu mundo particular, o mundo que nos cerca e como podemos interagir com este mundo. Assim iniciamos as pesquisas: discutindo, descobrindo e avaliando as idéias, possibilidades materiais e os meios para realização dos projetos de cada integrante.
Criaremos um espaço para aprofundamento e reflexão sobre o trabalho realizado pelo grupo.
De alguma forma a arte sempre refletiu e pensou mundo e a sociedade ao longo da história.
Frequentemente este processo acontecia de forma natural sem uma separação do conjunto das atividades que uma comunidade desenvolvia. A produção de bens e alimentos, a organização do trabalho, os rituais, tudo acontecia de forma integrada e comunitária.
Nas sociedades modernas, mais complexas, os campos de trabalho e reprodução social se especializam e cada vez mais a cultura está ao mesmo tempo integrada e separada do processo como um todo.
A arte moderna levou para dentro de si a discussão sobre o que é arte e o seu papel/função dentro da sociedade. Toda a reflexão se deu em torno das questões de forma, cor e espaço.
A arte contemporânea nos conduz a outras direções, aproxima o fazer artístico dos principais temas da sociedade, como de questões políticas, filosofia, ética, discussões essenciais entram na ordem do dia, como a reflexão sobre o meio ambiente e o posicionamento do homem frente aos desafios da sociedade e sua reprodução, avaliando e redefinindo nossa relação coma natureza.
A arte hoje tem o seu espaço ampliado, diversificando os meios de trabalho e criando novos suportes, novos meios, incorporando materiais efêmeros, muitas vezes fruto dos despejos industriais.
Este processo nos permite um outro pensar, um novo olhar para o mundo à nossa volta, mais crítico e consciente. Um novo olhar para o presente e principalmente uma atitude mais conseqüente em relação ao nosso futuro.
Como num passe de mágica, você se descobre urbano. E mais: o radical universo urbano em que nós vivemos. Mesmo numa cidade como o Rio de Janeiro, envolvida pela natureza, mar, vegetação e luz. Somos urbanos!
O trabalho com jornal acentuou a percepção da experiência urbana, trouxe a cidade para dentro de mim. Podia ser pedra, cimento, asfalto. Mas jornal é a cidade em movimento, mais do que o automóvel, (e ele também), o jornal é uma espécie de síntese histórica da cidade presente. O jornal e todos os seus segmentos, suas partes e cores, o cinzaamareloferrugem, qualquer reflexo.
Nas esculturas propostas, os movimentos realizados com o jornal, são pilhas que desenham o espaço, volumes. Volumes que trazem linhas irregulares e desenhadas, com alguma organização, quase comprometidas. São formas livres atreladas, limitadas, numa referência à geografia e à confusão do tecido urbano.
É como o movimento de pessoas e coisas (des)orientadas circulando em todas as direções no espaço urbano. Novamente volumes e linhas apontadas em diversos sentidos. Se traduzirmos o pensamento dessas pessoas em linhas ou gráficos, com certeza, formaremos um emaranhado mais complexo ainda, de riqueza infinita em mil direções, idéias, sentimentos e rumos frequentemente inesperados...
Andar na rua é andar na rua. O objeto jornal te aproxima da experiência urbana, aproxima o olhar, a percepção do entorno, em cada esquina, longe ou perto, em você.

o material jornal
Com sua proposta de vida curta – o jornal é feito para durar um dia. É manipulado - lido? e se transforma em objeto. Antes de chegar aos catadores ou destino semelhante, percorre um longo caminho. Das organizadas pilhas nas bancas - disputando atenção com vistosas publicações coloridas e papéis nobres – chega diariamente à mão do
leitor, com ou sem respeito. É guardado em pasta de couro, enfiado debaixo do braço, aberto, dobrado, separado nas suas partes ou em folhas soltas. Acompanha fielmente seu dono: é fonte de valiosas informações ou apenas companhia.
Com a mesma agilidade que é produzido é abandonado. Perde então, sua essência original mas continua a expressar o universo que representa. Torna-se um papel apenas, outro valor. Um papel frágil, preenchido com letras e imagens, um papel sujo, um volume. Um amontoado que se metamorfoseia, vai se amarelando, se reorganizando, ganhando outro visual, um novo desenho.
Nesta hora o jornal é mais cidade ainda. Circula pelas ruas em outro horário, ocupa outros espaços, se envolve com outras pessoas. De uma madrugada a outra.
Por outro lado, superando todas as expectativas, o jornal permanece e segue disputando espaço (atenção, verbas, agilidade, etc), com os mais avançados meios de comunicação. O jornal, criado há mais de cem anos, fruto direto do processo de urbanização da sociedade moderna e das primeiras revoluções tecnológicas, sobrevive!
É inimaginável uma cidade sem bancas de jornal, em qualquer esquina ou dentro de shoppings, com suas manchetes berrantes e fotos, com seus diversos leitores, de todas as classes sociais, registrando os detalhes de um jogo, um resultado eleitoral, esperando um sinal de transito abrir ou apenas se atualizando, de pé, em frente à banca...
a proposta
Respeitando e valorizando suas características originais, o jornal é transformado em escultura, é manipulado, ganha um novo padrão visual, novas formas de organização. Transforma-se sem perder sua essência mais imediata, sua origem e o seu caráter urbano.
Com este ponto de vista os objetos são criados. Papéis com determinada organização são associados a outros materiais, definindo formas.
O papel vegetal e o ferro, por suas características e referências são aproximados ao universo do jornal, no seu contexto urbano.
O papel é cortado, amontoado, amassado, enrolado, etc.
Os objetos estão organizados em instalações, pendurados ou apoiados em paredes.
(Marcelo Caldas)

Vera L. Pletitsch
(22) 2723-5593 (22) 8117-5398
(22) 2724-3471 (Pólo Regional Arte na Escola - UENF - CCVM)"

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