Piti na Globo.com


Do G1:

"Após ouvir nove pessoas que estavam presentes na confusão que ocorreu quando um estudante foi arrastado por um carro em Campos dos Goytacazes, na Região Norte Flumimense, durante um protesto contra a violência, a delegada Ana Paula Carvalho 134 DP (Campos) afirmou, na manhã desta quinta-feira (26), que o motorista, um jovem empresário da cidade, disse ter sido provocado pelos manifestantes. Ela diz ainda que ele era o que mais apresentava lesões.

“Todos foram ouvidos e encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML). Os manifestantes falam que foram agredidos e ele (motorista) fala que foi agredido pelos estudantes. O motorista era o que apresentava, visivelmente, mais lesões. A gente agora aguarda as imagens feitas pelas equipes de reportagens e os laudos do IML. Muita coisa resta ser apurada”, disse ela, que virou a noite na delegacia.

O protesto, realizado na noite desta quarta-feira (25), reuniu alunos do IFF, da UFF e da Uenf. Os estudantes manifestavam contra a insegurança na cidade e também ao redor das universidades. O estudante Renato Batista da Conceição, presidente do Centro Acadêmico de Geografia, explicou que a origem do evento foi a Semana Nacional de Lutas dos estudantes de geografia, quando cada curso escolhe um problema do município. “Em Campos, a gente escolheu alto índice de assaltos e criminalidade e convocamos todos os universitários”, disse.

Duas versões

O estudante de geografia do Instituto Federal Fluiminense (IFF) Victor Regis, de 18 anos, sente dores nas costas e na cabeça na manhã desta quinta, após ser arrastado pelo carro e receber socos no rosto e na nuca do motorista que se irritou com o protesto.

“Ele falou que ia passar, se não abrisse ia passar, quando eu fui ver ele já estava com o carro arrancado. O jeito de me defender foi me apoiar no capô do carro. Ele me arrastou por uns 10 metros e quando parou, levantei e voltei para o manifesto. Ele me agrediu verbalmente, me xingando com palavras ofensivas, tentou me bater, e aí eu disse ‘o movimento é pacífico, você pode bater à vontade’. Foi quando ele começou a me bater, com socos no rosto, na cabeça, na região da nuca. No início era ele sozinho, em seguida apareceu um amigo dele”, contou Victor.

Segundo ele, que é presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), a partir daí começou um tumulto no local e o homem e o amigo teriam agredido também uma menina, um outro estudante e repórteres que estavam trabalhando.

De acordo com a delegada, o motorista é dono de uma academia de ginástica e também trabalha com produção de eventos. Em seu depoimento, ele alegou que estava atrasado para um compromisso e tinha uma quantidade grande de dinheiro no veículo, o que o teria deixado tenso no momento em que o carro ficou parado diante do protesto.

“Eles fecharam a Avenida Pelinca, a principal via da cidade, interreompendo o trânsito. Os manifestantes ficaram sentados em frente ao carro dele. Essa manifestação não foi comunicada ao batalhão nem à delegacia”, disse a delegada.

O empresário disse à policia, segundo Ana Paula Carvalho, que os manifestantes o teriam provocado, indo para frente do veículo e dizendo ‘não vai passar, só se for por cima de mim’. Ainda de acordo com a versão do motorista, um jovem teria ido para frente do carro e se apoiado no capô. Foi quando ele arrancou o carro e teve início a confusão. “Ele diz que os manifestantes se juntaram, chutaram o carro, o amassaram o capô, e então ele desceu e entrou em luta corporal com o rapaz que se portou em frente”, contou a delegada.

Victor contou que só foi deixar a delegacia às 7h. O estudante irá ao IML na parte da tarde. “Ele (motorista) estava saindo do trabalho, é até compreensível. Não temos divergência com ele. Só prestamos queixa porque seria um absurdo não ir, já que estávamos portestando contra violência, a gente estaria sendo conivente se não fosse”, disse ele.

Ana Paula Carvalho disse que os envolvidos, caso sejam punidos, responderão por lesão corporal e dano ao veículo, que seriam delitos de menor potencial ofensivo. Os estudantes prometeram organizar outras passeatas na semana que vem."




Comentários

Anônimo disse…
Infelizmente tendenciosa a declaração da delegada, pois não tinha em mãos o laudo do IML e lugar de dinheiro é no banco.

Estes marombeiros de academia, acostumados a tomar anabolizantes e outros, sendo que os efeitos colaterais produzem reações deste tipo.

Uma manifestação pacífica, de um aluno de geografia versus o dono de academia e este por ter mais $$$ vai acabar preponderando.

Deprimente a sociedade em que vivemos!!!
Marcos disse…
Caro Celso,

ao ler as declarações da nobre delegada, chego à conclusão que Campos continuará ser conhecida como terra da impunidade.

Uma amiga que passava no local na noite de ontem ficou estarrecida com o descontrole emocional do destemido empresário.

Se houve um exagero por parte dos manifestantes em fechar uma das principais ruas da cidade em horário de pico, o jovem mancebo se mostrou bem mais inconsequente e irresponsável, já que com a treslucada manobra poderia acarretar consequências bem mais graves.

O rapaz, queridinho das colunas sociais e da juventude pequena burguesa de nossa cidade, nada sofrerá. E com a mídia toda em cima, ainda aumentará seus lucros, quando a poeira baixar. Com isso poderá comprar novos bonés.

Assim é a vida.

Um cordial abraço do leitor Marcos Vinicius Keltz.
Anônimo disse…
Ivony não merecia.
É uma pessoa de bem.
ClAUDIUS
Claudio Kezen disse…
Eu fiquei retido vários minutos por esta manifestação dos estudantes contra a violência quase chegando na esquina na Rua do Barão com a Pelinca. Até então, eram pouco mais de uns 30 (não contei exatamente) estudantes, que festivamente entoavam suas palavras de ordem para a diversão dos meus filhos de 7 e 5 anos que as repetiam. No momento em que eles avançaram o sinal fechado deste cruzamento, pensei comigo: não temos em Campos a cultura de dividir as ruas com protestos desta natureza, e a imagem do atropelamento dos ciclistas em Porto Alegre veio à minha mente. Também percebi que não havia qualquer sinal de policiamento protegendo a passeata, o que no momento achei temerário. No mais, afirmo que era uma manifestação bem humorada, pacífica e não percebi nenhuma animosidade ou pré disposição agressiva por parte dos estudantes, muito pelo contrário.
Silvio disse…
O que não se pode neste momento é inverter as coisas. O Sandro exagerou e começa a sair como vítima da estória.

Fiquemos de olho!
Anônimo disse…
Pq será que alguns blogs nem tocaram no assunto????

A repercussão foi nacional, mas alguns blogueiros simplesmente ignoraram.

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