Outra democracia é possível!

Este é a palavra de ordem dos milhares de jovens espanhóis acampados na praça Porta do Sol em Madrid, o movimento M-15. Como uma onda, este movimento já se irradia para Portugal e outros países europeus. As palavras do escritor uruguaio Eduardo Galeano não poderiam expressar melhor o meu sentimento à respeito deste momento: "Esse é um dos dramas do nosso tempo. Dois séculos de lutas operárias que conquistaram direitos muito importantes para a classe trabalhadora, estão sendo jogados na lata de lixo por governos que obedecem à uma tecnocracia que se julga eleita pelos deuses para governar o mundo. É uma espécie de governo dos governos, como este senhor que agora parece que se dedica a violar camareiras, mas antes violava países e era aplaudido por isso... É essa estrutura de poder, muitas vezes invisível, que de fato manda. Por isso, quando se consegue aglutinar vozes capazes de dizer 'basta' a primeira coisa a fazer é ouvi-las com respeito, sem desqualificá-las de antemão e saber esperar. Esses jovens não parecem esperar ordens de ninguém. Agem espontaneamente, aliando razão à emoção. Como vai acabar isso? Não sei. Talvez acabe logo, talvez não. Vamos ver".


15-M prepara grande manifestação em Madri

O movimento espanhol 15-M anunciou uma manifestação em Madri para dia 29 de maio. Os acampados na praça Porta do Sol melhoraram a sua organização e definem-se como uma "cidade-estado", auto-gerida por uma assembleia com capacidade vinculativa. Também no domingo, será realizada uma marcha até ao palácio da Zarzuela para pedir ao Rei que se pronuncie sobre a manifestação dos indignados. Em Portugal, acampamentos de jovens em Lisboa e no Porto defendem "reinvenção da política".


O movimento espanhol 15-M anunciou que realizará uma manifestação em Madri no próximo domingo, dia 29 de maio, que irá sair da praça Cibeles às 10h da manhã. Na reunião também foi debatida e aprovada a proposta para a realização, no mesmo dia, de uma marcha até ao palácio da Zarzuela para pedir ao Rei que se pronuncie sobre a manifestação dos indignados.

Os manifestantes do 15-M consideram que encerraram a semana com um tremendo êxito nas concentrações e nas assembleias organizadas e que agora começaram outra semana "decisiva", tendo decidido prolongar o acampamento "pelo menos" até ao próximo domingo.

Os concentrados sugeriram o estabelecimento de turnos para não esgotarem as forças da manifestação. Decidiram também a divulgação do movimentos aos bairros, aos municípios e à Internet, com o objetivo de dar permanência ao movimento, segundo os organizadores. Porém, ainda não existe consenso sobre a direção que o movimento deverá ter no médio prazo.

Foram também votadas as propostas dos comerciantes da Porta do Sol que se queixam de quebras nas receitas na ordem dos 50 por cento. Apenas foi aprovada uma das reivindicações dos lojistas: a retirada dos cartazes das vitrines, mas apenas dos pequenos comerciantes.A assembleia realizada segunda-feira anunciou também que já foram recolhidas 200 mil assinaturas de apoio ao protesto.

Os acampamentos mantêm-se em muitas outras cidades de Espanha.

“Claro que vamos ficar!”
Na terça-feira, ocorreu a 5.ª Assembleia Popular aberta do acampamento de Lisboa, na sequencia da decisão aprovada na assembleia do dia anterior. Mais de 500 pessoas responderam sim ao apelo do movimento que, desde a quinta-feira da semana passada, tem se juntado à Praça do Rossio, em Lisboa, “pela reinvenção da política”.

A assembleia de segunda-feria contou com um debate vivo e participativo, durante o qual inúmeras pessoas aproveitaram o “microfone aberto” para dar voz à sua indignação.

Decidiram a criação de uma sala de estudo permanente, no espaço da concentração, que possa servir de base de trabalho a estudantes que desejem permanecer no Rossio durante o dia e a criação de um espaço de apoio a crianças e pais que decidam participar na ação e nas actividades do movimento. Os grupos de trabalho prosseguem.

Os acampados em Lisboa reforçam o apelo a todos os que se identifiquem com o manifesto do movimento no sentido de se juntarem ao mesmo, no Rossio, “trazendo consigo a sua indignação, as suas ideias, os seus sonhos e a sua voz”. Bem como outros apoios logísticos básicos... como água, azeite, geleiras, sacos térmicos, latas de conserva, pratos, copos e talheres reutilizáveis, corda grossa, lonas de tecido e plástico para proteger do sol e da chuva, cavaletes, etc.

No Porto, na Praça da Batalha, o acampamento que já dura cinco dias mantém-se. Têm um espaço de leitura (com jornais diários oferecidos) e de estudo, uma cozinha, uma zona para jogos didáticos e finalmente um local de descanso protegido pelo sol.

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