Introdução do Hino Nacional tem letra. Você sabia?


Carta Capital, por Aurélio Munhoz
Não se assuste com o título desta coluna. Ele não está insinuando que existe algum mistério ou conspiração maquiavélica dignos de um novo romance de Dan Brown escondidos na letra do Hino Nacional Brasileiro. Informa, apenas, um fato que pouca gente conhece: a parte instrumental introdutória do Hino possui uma letra.
Faça o teste. Coloque o Hino Nacional Brasileiro no aparelho de som da sua casa. Quando a parte instrumental inicial começar, cante a letra abaixo. Você vai ver que os versos combinam exatamente com o ritmo e o compasso do Hino:

“Espera o Brasil Que todos cumprai
Com o vosso dever. Eia avante,brasileiros,
Sempre avante! Gravai com buril
Nos pátrios anais Do vosso poder.
Eia avante, brasileiros, Sempre avante!
Servi o Brasil Sem esmorecer,
Com ânimo audaz Cumpri o dever,
Na guerra e na paz À sombra da lei,
À brisa gentil O lábaro erguei
Do belo Brasil Eia sus, oh sus!”

Por que esta letra não é cantada antes do verso iniciado pela frase “Ouviram do Ipiranga, às margens plácidas”? Porque foi excluída, na versão oficial do Hino Nacional Brasileiro, cuja letra foi composta pelo poeta e jornalista Joaquim Osório Duque Estrada, em 1909. Não há consenso sobre quem escreveu esta parte introdutória, mas consta que teria sido o paulista Américo de Moura, presidente da província do Rio de Janeiro entre 1879 e 1880.
Mas há outa coisa que você, provavelmente, não sabe. Em muitas escolas e colégios brasileiros, a letra da introdução do Hino continua sendo cantada. Um exemplo? O Instituto de Educação Professor Erasmo Piloto, localizado no centro de Curitiba. A responsável pelo resgate desta desconhecida letra é a professora Cleusa, da disciplina de História.
E ela não é a única. No dia 17 de novembro de 2009, o cantor Eliezer Setton lançou um CD intitulado “Hinos à Paisana”. Uma das faixas do CD é exatamente o Hino Nacional Brasileiro, com a introdução cantada. Sim, esta versão está no Youtube. Vale conferir.
Esta história chegou às minhas mãos (ou ouvidos) por uma amiga, Karin Birckholz, presidente da ONG Pense Bicho, também de Curitiba, que me sugeriu ver um vídeo no Youtube sobre uma senhora chamada Ana Arcanjo, paulista de Santos (SP) que serviu na Cruz Vermelha durante a Revolução Constitucionalista, em 1932. No vídeo, Ana conta que aprendeu esta versão do Hino Nacional Brasileiro na infância. “Aprendi esta versão quando criança e a cantava no colégio todo dia”, conta a senhora.
Uma última questão, para terminar. No final da “letra oculta” do Hino, consta a expressão “Eia sus, oh sus!”. Trata-se de uma interjeição latina que significa “de baixo para cima” e exorta à coragem, aos brios, e pode ser traduzida como sinônimo da expressão “em frente, avante”.

Comentários

Marcelo Bessa disse…
Eu já tinha ouvido falar nisso.
Só que a introdução "tinha" ou "teve" letra um dia (não "tem"): a própria matéria já disse que houve a exclusão na versão oficial.
Um abraço.

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