Exclusão-Walnize Carvalho
Havia no ar um clima de preocupação. A mulher, por mais que tentasse disfarçar não pôde deixar de ouvir a conversa entre os funcionários da loja.
- Agora será a vez dele. Não terá jeito! Falavam baixo. Uns tristonhos. Outros até revoltados.
Inquieta, dirigiu-se ao caixa para efetuar o pagamento da compra que acabara de fazer.
Olhou à volta com ares de piedade. Pensou: - mais um desempregado... Que crise!
Voltou a entreouvir o bate papo.
Percebeu que falavam mais detalhes do acontecimento.
Conseguiu captar palavras soltas: Eliminado... Prova... Votação... Paredão .
Entendeu o motivo da inquietação: falavam do Big Brother.
Seguiu.
Agência bancária.
Havia no ar um clima de descontração. A mulher, por mais que tentasse disfarçar não pôde deixar de ouvir a conversa entre os que como ela, estavam naquela sala aguardando falar com o gerente.
- Agora será a vez dele. Não terá jeito.
Falavam alto. Davam gargalhadas, enquanto afrouxavam os nós das gravatas.
Incomodada, esperou ser atendida sem querer atrapalhar a euforia alheia.
Não teve como não ficar contagiada pelo clima.
Afastou-se um pouco.
Captou palavras soltas:
Proposta... Liderança... Veto...Cassação.
Entendeu o motivo da descontração: falavam de política.
Lembrou-se do texto de Brecht: “O analfabeto político”
Desistiu de conversar com o gerente.
Foi para casa relaxar. Ouvir música: “Samba do Crioulo Doido”.
Comentários
Walnize tem um jeito simples de dizer as coisas mais complicadas.
Arguta sua observação sobre a banalização da nossa vida e dos momentos graves pelos quais passamos.
Obrigada pelo comentário sutil e generoso sobre minha crônica.
Walnize Carvalho