Mais uma...


Os "meninos" do Sociedade gostaram e manisfestaram.Sendo assim,transcrevo mais trechos de outra entrevista do livro: "O som do Pasquim" (entrevistas históricas) (2009). Desta vez:Chico Buarque.

Entrevista com Chico Buarque de Holanda no Chopinho & Comidinhas em 28/11/1975, um papo que durou três horas, bebendo o fernet ( bebida preferida do Chico) muito chopp e caipirinha.
Reproduzo o trecho da entrevista em que ele relembra o massacre de CCC a sua peça Roda Viva.
Ziraldo- Antes de compor você gostava de escrever?
Chico- Sim. Tudo que era jornalzinho de escola.
Jaguar- Alguma pessoa te levou para fazer música?
Chico- Vinícius era muito amigo lá em casa. Era meio um mito, chegava lá com violão,cantava as músicas dele.
Ziraldo- Você escreve música?
Chico- Muito mal.
Jaguar- Você tem alguma organização de trabalho, um sistema?Só trabalhar de manhã, de tarde...?
Chico- Com música não, quando me meto a fazer uma peça de teatro ai tem uma certa estrutura. Música você pode fazer em 5 minutos, às vezes leva dois meses. Não adianta impor uma disciplina.
(...)

Ziraldo- Quando você começou a incomodar e a se sentir incomodado?
Chico- O negócio começou a engrossar com Roda-Viva. Espancaram os atores e destruíram tudo em São Paulo e Porto Alegre. Ai proibiram a peça de vez em todo território nacional.
A história que me contam é que em São Paulo o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) iam empastelar outra peça. Iam acabar com a Feira de Opinião. Chegaram lá já armados, preparados e a peça já tinha acabado. Ai aproveitaram... (risos) para não perder a viagem esculhambaram a Roda Viva. Mais tarde numa espécie de interrogatório uma autoridade perguntou o que tinha na peça. A peça não tinha absolutamente nada. Era sobre o meio artístico.”
(...)

“A entrevista termina. Chico sorri abrindo o bigode sobre os dentes brancos ,perfeitos, franzindo os olhos perfeitamente verdes...”

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