Exageros demais
Artigo do genial Luiz Fernando Veríssimo enviado ao blog do Noblat. Eu já havia postado aqui sobre a impostura que é a tentativa dos segmentos "progressistas" da sociedade de colar na "grande mídia" a pecha de golpista. É evidente que ela é conservadora, mas como disse então, para estes grupos é necessário ocupar espaços no terreno do debate político travado a reboque das eleições. Também já condenei e nunca me alinhei ao discurso, à meu ver terrorista, de demonizar a Dilma. Aí vai:
Gosto muito da frase do Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, quando lhe contaram que andavam dizendo que ele era homossexual:
— O pessoal exagera um pouco...
O "pessoal" — aí entendido como não apenas os contemporâneos e conterrâneos do grande Stanislaw como a humanidade em geral — tem mesmo uma tendência a exagerar. O exagero simplifica e aguça, tem mais graça, chama mais atenção — enfim, é compreensível. E deve ser tratado com a mesma tolerância com que o Stanislaw tratou os boatos do "pessoal" a respeito da sua sexualidade.
Tomemos como exemplos os exageros que dominam este fim de campanha, todos sobre o papel da imprensa nas eleições. De um lado o dos que dizem que a parcialidade da grande imprensa brasileira chegou a uma espécie de paroxismo com a perspectiva de uma vitória da Dilma com maioria no Congresso, e que há uma conspiração em curso dos grupos que controlam a mídia no país para evitar que isto aconteça. Do outro o dos que veem na vitória da Dilma com maioria uma ameaça à liberdade de pensamento e expressão no Brasil, ainda mais depois do que andou dizendo o Lula — comparado ao Mussolini como líder de uma ameaça populista à nossa democracia — sobre uma grande imprensa "oposicionista".
Dois exageros perfeitamente compreensíveis, como se vê. O pessoal só exagerou um pouco demais. É difícil imaginar as quatro ou cinco famílias supostamente donas do espaço publicitário no país reunidas para evitar a continuação de um governo que ampliou este espaço como nenhum outro. Já é difícil imaginar as tais famílias juntas por qualquer motivo. E alguém acredita que a Dilma, uma vez eleita, convocaria os barões da imprensa para, embaixo de um retrato do Duce de Garanhuns, ordenar-lhes publicar só o que o governo quer, sob pena de represálias?
De um lado ou de outro, busca-se uma mobilização contra fantasmas inventados. Ou um pouco exagerados.
Mas sejamos como o grande Stanislaw e perdoemos os que exageram. É época de eleições, grandes questões, para não falar em grandes somas, estão em jogo, a moderação e o senso comum perdem para as paixões e, afinal, o "pessoal" é assim mesmo. Aconteça o que acontecer, eu estou saindo de férias.
Gosto muito da frase do Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, quando lhe contaram que andavam dizendo que ele era homossexual:
— O pessoal exagera um pouco...
O "pessoal" — aí entendido como não apenas os contemporâneos e conterrâneos do grande Stanislaw como a humanidade em geral — tem mesmo uma tendência a exagerar. O exagero simplifica e aguça, tem mais graça, chama mais atenção — enfim, é compreensível. E deve ser tratado com a mesma tolerância com que o Stanislaw tratou os boatos do "pessoal" a respeito da sua sexualidade.
Tomemos como exemplos os exageros que dominam este fim de campanha, todos sobre o papel da imprensa nas eleições. De um lado o dos que dizem que a parcialidade da grande imprensa brasileira chegou a uma espécie de paroxismo com a perspectiva de uma vitória da Dilma com maioria no Congresso, e que há uma conspiração em curso dos grupos que controlam a mídia no país para evitar que isto aconteça. Do outro o dos que veem na vitória da Dilma com maioria uma ameaça à liberdade de pensamento e expressão no Brasil, ainda mais depois do que andou dizendo o Lula — comparado ao Mussolini como líder de uma ameaça populista à nossa democracia — sobre uma grande imprensa "oposicionista".
Dois exageros perfeitamente compreensíveis, como se vê. O pessoal só exagerou um pouco demais. É difícil imaginar as quatro ou cinco famílias supostamente donas do espaço publicitário no país reunidas para evitar a continuação de um governo que ampliou este espaço como nenhum outro. Já é difícil imaginar as tais famílias juntas por qualquer motivo. E alguém acredita que a Dilma, uma vez eleita, convocaria os barões da imprensa para, embaixo de um retrato do Duce de Garanhuns, ordenar-lhes publicar só o que o governo quer, sob pena de represálias?
De um lado ou de outro, busca-se uma mobilização contra fantasmas inventados. Ou um pouco exagerados.
Mas sejamos como o grande Stanislaw e perdoemos os que exageram. É época de eleições, grandes questões, para não falar em grandes somas, estão em jogo, a moderação e o senso comum perdem para as paixões e, afinal, o "pessoal" é assim mesmo. Aconteça o que acontecer, eu estou saindo de férias.
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