Crônica de sábado
Brevidade
Walnize Carvalho
Quem haveria de imaginar, que dentro daquele pacotinho plástico a mim entregue com tanto carinho, iria encontrar algo que iria adocicar o meu dia, aguçar meu paladar e - mais do que tudo – encher meu coração e mente de tão doces lembranças?...
Quem diria que aquele bolinho (arrumado em fôrma de papel) feito de açúcar, ovos, margarina e polvilho, iria me inspirar para esta singela crônica?...
Sem querer prolongar a expectativa e dissipando a curiosidade do leitor esclareço que, a guloseima a que me refiro, tem o nome sugestivo de: Brevidade.
De repente, minha saudosa memória, visualiza a vovó Mocinha, arrumando a mesa do lanche da tarde com toalha bordada, xícaras e bules de porcelana (com chá e café), biscoito de araruta, pãezinhos em formato de trança e... brevidades!
E também, repentinamente, me dou conta da efemeridade do tempo!
Num gesto de rapidez, levanto-me e vou buscar na estante de livros da sala, um que bem ilustra esta minha reflexão matinal. A referida obra intitula-se: “Sobre a brevidade da vida” do filósofo romano, Sêneca. E , manuseando, acabo de me inteirar, que se trata de “um dos textos mais conhecidos de toda a Antiguidade latina”.
No livro, o sábio se vale de cartas enviadas por ele, nas quais discorre sobre “a natureza finita da vida humana”.No correr das páginas, vão sendo apresentadas “maneiras de prolongar a vida e livrá-la de mil futilidades que a perturbam sem, no entanto, enriquecê-la”.Escritas há quase dois mil anos, estas cartas compõem “uma leitura inspiradora para todos os homens, a quem ajudam a avaliar o que é uma vida plenamente vivida”...
Reponho o livro na estante, retomo a escrita e enquanto penso em palavras breves para finalizar a crônica, a doce figura da grande poeta goiana (Cora Coralina) que “se achava mais doceira do que escritora”, vem em meu socorro. Ela deixou patenteada esta afirmativa: “Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”...
Palavras dignas de saborear.
A mim, só resta degustar a última brevidade do pacote, que ao se desmanchar na boca deixou o gosto “ de quero mais” e a certeza de que, os prazeres da vida não duram uma eternidade.
Quem haveria de imaginar, que dentro daquele pacotinho plástico a mim entregue com tanto carinho, iria encontrar algo que iria adocicar o meu dia, aguçar meu paladar e - mais do que tudo – encher meu coração e mente de tão doces lembranças?...
Quem diria que aquele bolinho (arrumado em fôrma de papel) feito de açúcar, ovos, margarina e polvilho, iria me inspirar para esta singela crônica?...
Sem querer prolongar a expectativa e dissipando a curiosidade do leitor esclareço que, a guloseima a que me refiro, tem o nome sugestivo de: Brevidade.
De repente, minha saudosa memória, visualiza a vovó Mocinha, arrumando a mesa do lanche da tarde com toalha bordada, xícaras e bules de porcelana (com chá e café), biscoito de araruta, pãezinhos em formato de trança e... brevidades!
E também, repentinamente, me dou conta da efemeridade do tempo!
Num gesto de rapidez, levanto-me e vou buscar na estante de livros da sala, um que bem ilustra esta minha reflexão matinal. A referida obra intitula-se: “Sobre a brevidade da vida” do filósofo romano, Sêneca. E , manuseando, acabo de me inteirar, que se trata de “um dos textos mais conhecidos de toda a Antiguidade latina”.
No livro, o sábio se vale de cartas enviadas por ele, nas quais discorre sobre “a natureza finita da vida humana”.No correr das páginas, vão sendo apresentadas “maneiras de prolongar a vida e livrá-la de mil futilidades que a perturbam sem, no entanto, enriquecê-la”.Escritas há quase dois mil anos, estas cartas compõem “uma leitura inspiradora para todos os homens, a quem ajudam a avaliar o que é uma vida plenamente vivida”...
Reponho o livro na estante, retomo a escrita e enquanto penso em palavras breves para finalizar a crônica, a doce figura da grande poeta goiana (Cora Coralina) que “se achava mais doceira do que escritora”, vem em meu socorro. Ela deixou patenteada esta afirmativa: “Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”...
Palavras dignas de saborear.
A mim, só resta degustar a última brevidade do pacote, que ao se desmanchar na boca deixou o gosto “ de quero mais” e a certeza de que, os prazeres da vida não duram uma eternidade.
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