Pimenta nos olhos dos outros....

Do site do Tribunal de Justiça do Rio:
"O juiz da 28ª Vara Cível, Magno Alves, em decisão na útima sexta-feira, dia 17, deu prazo de 30 minutos para o presidente e diretores da Unimed cumprirem uma liminar. A transferência de uma idosa de 97 anos, internada na Obra Portuguesa, no Centro do Rio, para casa e custeio do serviço home care havia sido determinado há quatro meses, mas a cooperativa de saúde vinha reiteradamente descumprindo a ordem judicial. Com a ameaça de prisão dos responsáveis, no mesmo dia a empresa atendeu a ordem.
Em decisão de 28 de agosto deste ano, o magistrado havia fixado o prazo de 24 horas para que a Unimed transferisse a paciente para sua residência, para evitar uma infecção hospitalar e arcasse com o home care, incluindo os serviços de enfermagem, acompanhamento médico e medicamentos. A multa diária inicial aplicada foi de R$ 1 mil, mas como não houve o atendimento outra foi estipulada no valor de R$ 5 mil,e, por fim, pulou para R$ 50 mil.
Segundo o juiz Magno Alves, a cooperativa vem desrespeitando, insistentemente, a Constituição com o intuito de aumentar o próprio lucro em detrimento da vida dos usuários. “Em princípio, retardam a autorização administrativa pela central de autorização e, posteriormente, o cumprimento das decisões judiciais na esperança de que o cliente morra e a Unimed-Rio não arque com o custeio das despesas com o tratamento”, disse.

O magistrado, em outra decisão prolatada no último dia 15, afirmou que o tratamento que a Unimed dá aos seus clientes é desigual: “Ao ser recalcitrante, a cooperativa desafia o Judiciário e o Estado constituído, o que justifica também apenação em danos morais, porque não se trata de mero descumprimento contratual, mas de arrogância, prepotência da empresa que se preocupa apenas em atender aos usuários do Plano Ômega, prejudicando os do Plano Ambulatorial e do Delta”."

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Quando algum juiz resolve mostrar serviço e honrar seu juramento é sempre bom divulgar. Por conta de nossa legislação e também de muitas pessoas que habitam o mundo jurídico, o que temos visto nos últimos tempos é um descaso enorme com o ser humano. Nem vou falar dos recentes casos na área política. Esqueçamos isso por enquanto. Falo mesmo é de casos assim, onde um dos maiores planos de saúde do Brasil faz questão de desobedecer uma ordem judicial repetidas vezes, deixando de levar em consideração a saúde e o bem estar de uma senhora de quase 100 anos, dando assim uma "banana" para nossa Carta Magna que prega logo em seu primeiro artigo, no inciso III, a dignidade da pessoa humana. Infelizmente é prática recorrente em vários planos de saúde e hospitais espalhados pelo nosso Brasil varonil. O plano de saúde UNIMED é mais um. Ironicamente, o mesmo plano é patrocinador do Fluminense, campeão brasileiro deste ano. E para quem acompanha um pouco o noticiário esportivo, é público e notório o que vem sido feito financeiramente pela UNIMED para alcançar objetivos maiores. Claro que o Fluminense e seus torcedores nada tem a ver com isso. Mas seria muito legal que o tricolor das Laranjeiras e os associados da UNIMED, que fazem um enorme sacrifício no propósito de ter um atendimento digno na hora que necessitam, tivessem ao menos, um tratamento igualitário.
Mas aí é pedir demais....

Comentários

Gianna Barcelos disse…
Este Juiz precisava vir agir em Campos, porque para construir aquela obra faraônica, os médicos cooperados estão tendo um percentual retido na fonte de seus salários, em retaliação diminuíram o número de atendimentos.

No mínimo hoje em dia para se conseguir marcar uma consulta precisamos ligar dois meses antes.

Por outro lado, uma paciente de 77 anos, com água na pleura, foi encaminhada pela médica plantonista para fazer ressonância e a médica informou que já estava indo em seguida. Bem, a médica sumiu por 4 horas dentro do hospital e a paciente (com problemas respiratórios) alojada num cubículo com mais seis pacientes e as enfermeiras precisavam da autorização da médica para providenciar a internação que geraria até uma intervenção cirúrgica. Quando a médica apareceu, foram mais duas horas para o quarto ficar pronto e como não tinha quarto particular improvisaram uma enfermaria para ser quarto particular. De madrugada a paciente é acordada porque uma outra enfermeira queria colocar outro paciente lá dentro.
E, isto plano individual, particular e com resgate aéreo. Imaginem se não fosse.

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