Até breve Luiz...




Quis a vida, que por uma dessas injunções do destino, eu tivesse a honra e o prazer de dividir o mesmo palco todas as sextas e sábados com o cantor, compositor e guitarrista Luiz Ribeiro nos últimos cinco anos.

Digo "honra" sem correr o risco de parecer exegerado ou piegas. De cara, percebi em Luiz uma firmeza de caráter musical que me chamou a atenção. Sem papos furados, volteios ou firulas inúteis, sua guitarra servia à um repertório cru, direto, incisivo e calcado em influências bem definidas. Com a guitarra na mão Luiz sabia exatamente o que queria da música, e não estava ali para brincadeiras.

Digo "prazer" sem correr o risco de parecer festivo ou "jogando confetes". Seus solos, timbres, levadas e "feeling" eram uma injeção de gozo, vida e prazer na medida certa. Prazer garantido era dividir "riffs", bases, vocais e solos com ele.

Nesses cinco anos, falamos de tudo e sobre quase tudo. Música, política, atitude, postura, Brasil, grana, amor, Campos, filhos... enfim, sobre a vida. Luiz não era de jogar conversa fora e tinha cuidado com as palavras que saíam da sua boca.

Nos últimos tempos, guerreiro, não se entregou à doença e lutou até o fim, fazendo o que sabia de melhor: tocando e cantando. Mary, cúmplice, sempre por perto.

Acordei hoje ao meio-dia, depois de duas madrugadas de trabalho, e não fui ao enterro. Não sei se foi melhor assim, mas não vi seu corpo inerte e sem vida. Guardo na memória o músico enérgico e pulsante.

No fim, a palavra INTEGRIDADE é a que fica na minha cabeça. Luiz era íntegro do princípio ao fim. Íntegro musical e pessoalmente.

Até breve, Luiz...

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