Nara Leão...

...se viva estivesse, estaria nesta data completando 70 anos.
Entre tantas referências a ela, escolhi este texto de autoria de Flávia Crespo , no site: www.mpbnet.com.br

Talvez o experiente cantor Patrício Teixeira nunca tenha imaginado que, ao ser contratado para dar aulas de violão à filha caçula do casal capixaba Jairo e Altina Leão, estaria iniciando a formação musical de uma das mais virtuosas cantoras do Brasil. Difícil deduzir que a tímida Nara Loffego Leão, então com 12 anos, estava destinada a registrar seu nome na história da MPB como a intérprete que abriu caminhos para Chico Buarque, Martinho da Vila, Edu Lobo, Paulinho da Viola e Fagner, entre outros, e, é claro, como a eterna musa da Bossa Nova.

O título que a acompanhou por toda vida foi adquirido nos tempos em que o apartamento dos seus pais na Av. Atlântica era o ponto de encontro dos meninos que criavam "sambas modernos". Nara entregou-se de corpo, alma - e joelhos! - a iniciante Bossa Nova, mas surpreendeu ao interpretar sambistas esquecidos no seu disco de estréia. No segundo trabalho, apostou tudo nas canções de protesto. A partir daí, popularizou-se como a mulher corajosa, diva do Show Opinião e ícone da juventude brasileira engajada contra a ditadura nos anos 60. E, não satisfeita, ainda teve tempo de participar do divino Tropicalismo de Caetano e Gil!

Após passar três anos em Paris, refugiou-se dos holofotes. Cuidou de sua vida particular, estudou Psicologia na PUC, e só voltou pra valer à carreira quando se viu doente e sem possibilidades de estudar.

Nos últimos anos, levou ao mundo a Bossa Nova em sua voz doce e emocionada. Quando morreu, na manhã de 7 de junho de 1989, deixou pronto um disco de versões dos clássicos americanos que embalaram sua adolescência nos musicais exibidos pelo Cinema Metro Copacabana. A capricorniana nascida em 19 de janeiro de 1942 em Vitória, ES, nos deixou aos 47 anos com marca registrada de seu signo: o retorno à juventude, fechando o ciclo da vida.

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