Poesia e arrebatamento
A poesia de Florbela Espanca é plena em arrebatamento, corajosamente emocional, com uma intensidade ímpar.
Admiro essa capacidade de escrever assim, com esse vigor, com essa coragem e plenitude.
Blasfémia
Silêncio, meu Amor, não digas nada!
Cai a noite nos longes donde vim…
Toda eu sou alma e amor, sou um jardim,
Um pátio alucinante de Granada!
Dos meus cílios a sombra enluarada,
Quando os teus olhos descem sobre mim,
Traça trémulas hastes de jasmim
Na palidez da face extasiada!
Sou no teu rosto a luz que o alumia,
Sou a expressão das tuas mãos de raça,
E os beijos que me dás já foram meus!
Em ti sou Glória, Altura e Poesia!
E vejo-me - milagre cheio de graça! …
Dentro de ti, em ti igual a Deus!…
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