Um retrato da minha aldeia

"Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia."

Leon Tolstoi

Camposlinda

"Campos formosa, intrépida amazona.."

Outro dia caminhando pelo centro da minha cidade fui invadida por muitos sentimentos; irritação, vergonha, raiva, impotência e saudade.

O trânsito caótico cheio de carros que fazem o que se costuma chamar de "transporte alternativo" alcunha politicamente correta para o transporte clandestino, as ruas esburacadas, sujas (embora cheias de garis e também de lixeiras), repleta de pedintes (embora tenha uma das maiores arrecadações do país), de pessoas anunciando empréstimos pessoais a juros exorbitantes (nosso país tem a maior taxa de juros do mundo apesar da economia estável), carros de som anunciando desde shows de artistas horrorosos até a salvação eterna.

Tudo isso me irritou profundamente. Tudo isso me envergonhou profundamente. Deixou-me cheia de raiva. Senti-me impotente diante da inércia de todos ou de parte de nós.

Gosto dessa terra, por isso a saudade. Saudade de um lugar mais agradável, menos violento, mais provinciano até, com menos arrecadação, mas com uso mais racional do dinheiro público, pobre, mas com mais dignidade.

Pobres de nós cidadãos de Campos dos Goytacazes!


Post anteriormente publicado em 06 de agosto de 2008 no Blog Todos os Sonhos de Abril. Redescobri esse texto em meus guardados e só retirei a referências à festa do Santíssimo Salvador e às eleições que então se aproximavam. Quanto ao resto, nada mudou, nem no texto nem na nossa Campos, outrora formosa.

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