Ruído e quietude


 















Walnize Carvalho

Sexta à noite.

As luzes dos faróis dos carros, na estrada que dá acesso à
praia do Farol de São Tomé, visualizam o majestoso marco desta
estação de veraneio (o farol) e conseguem deixar acanhado o brilho
deste guia dos navegantes.Mesmo assim, do alto de sua magnitude, este
consegue receber de braços abertos, aos que estão chegando para mais
um fim de semana.
E como num ritual sincronizado, casas são reabertas e
iluminadas, redes retomam seus lugares nas varandas, geladeiras são
reabastecidas de comidinhas e bebidinhas e a euforia, sem se fazer de
rogada, ocupa o primeiro lugar no trem chamado Felicidade.
O sábado e o domingo seguem no compasso de “samba, suor e
cerveja” que pode ser traduzido por muita música: shows ,trios
elétricos, carrões com som em alto volume... muito calor :
churrasqueiras nos quintais e - volta e meia - mergulhos no mar, na
piscina ou até no chuveiro... e muito refresco: picolés, sorvetes,
água de coco, refrigerantes e cervejinhas...E a reboque, o colorido
das barracas a beira mar; os quioques apinhados de gente colorida; as
visitas aos amigos, à Feira da Roça e à Peixaria...
Tudo dentro no contexto dos que buscam ruído e diversão.

Domingo à noite.
Como a seguir o trio elétrico chamado Despedida, lá está de
volta à cidade, o enorme cordão de carros. Na estação rodoviária,
filas intermináveis dos que levam na bagagem cansaço e saudade.

Segunda pela manhã.
Aos que ficaram - como eu - é tempo de silêncio, somente
quebrado pelo canto dos bem te vis e de outros pássaros (dos quais,
não sei os nomes) , do farfalhar das folhas das amendoeiras, que
correm livres pelas calçadas e do baque no chão, das frutas caídas das
referidas árvores.
O momento é de observar a Natureza: a pipa que se debate em
meio a folhagem do arvoredo; o beija flor sugando às papoulas; o gato
que se espreguiça no muro do vizinho; a altivez da garça no brejo..
E mais...é tempo de: ir à beira mar, catar conchinhas com a
neta e na volta vê-la radiante no balanço da pracinha; caminhar por
entre as casuarinas, assistindo a dança sincronizada de seus galhos e
a noitinha observar a primeira estrela no céu ,na companhia da lua
crescente...
Tudo dentro do contexto dos que buscam quietude e reflexão

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