Crônica de sábado


Natafolia

Walnize Carvalho

Com tanta correria nas ruas, nos shoppings e - porque não - nos bancos, à cata do décimo terceiro a fim de presentear...
Com tanto propósito de agradar e de fazer bonito...
Com tanto compromisso de “brincar de ser feliz”... muitos confundem o motivo real da comemoração do Natal, que se aproxima.
Olho a tudo com certa reserva e talvez, para consolo próprio, resolvo instituir (ao prosador tudo é permitido!) um Natal fora de época.
E por conta e risco, promovo o evento (Natafolia) e convido (de forma informal, mas decidida) os verdadeiros amigos ,na certeza de que eles não me deixarão sair no “bloco do eu sozinho”.
Fiquem certos que não haverá carros de alto falantes anunciando; nem compra de ingressos antecipados; nem venda de abadás e adereços e, nem tão pouco, avenida específica para desfilar.
Sendo assim... um belo dia vista a camisa do bem querer e saia à rua imbuída de bons propósitos. Faça uma visita inesperada a um asilo ou a um orfanato. Se faça presente sem ter pressa de voltar. Converse, ria, leia um poema, cante, escute histórias. Distribua mimos, brinquedos ou alimentos...
Por certo, retornará ao lar nutrido de paz e imensurável contentamento.
De outra feita, adquire com calma um presente (o mais simples, mas escolhido com carinho) e leve para alguém que você quer bem, sem prévio aviso e nem hora marcada...
Certamente, será uma felicidade mútua, cercada de sorrisos e abraços.
Se surpreenda preparando uns quitutes e, de forma descontraída, convide pessoas amigas para a ceia improvisada...
Sem dúvida, será um encontro regado de incontrolável alegria.
Numa manhã chuvosa, telefone para um velho amigo e lhe diga o quanto você o admira e quer o seu sucesso...
Com certeza o deixará com o ânimo revigorado.
Que tal, certa tarde, entrar em um templo, comungar-se com Deus reavaliando a sua fé?...
O Criador estará “todo ouvidos” e de lá, você sairá apaziguado.
Caminhará pelas ruas, sem correrias e convencido do quanto é bom criar laços e distribuir afetos.
Desta forma, desarmado e amando o próximo sem prazo de validade, quem sabe irá aceitar a minha proposta inusitada e tentadora do Natafolia?
Natafolia!?...Um jeito despojado que encontrei para dar título a esta minha crônica, que mais do que ser um jogo divertido de palavras, tem o firme propósito de uma leve reflexão.

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