Provas




Walnize Carvalho

Neste sábado,(dia em que escolhi para publicar textos meus) mudo um pouco meu estilo de escrever, deixo a crônica descansar e me preparo para tecer comentários em forma de um artigo.Pressinto que estou me pondo à prova e que será - literalmente – uma prova de fogo!...
Através de minhas observações, vou mesclar assuntos diversos e espero ter aprovação dos fiéis leitores.
Começo, então, falando que... na novela das oito, da Globo (que aliás, começa às 9 da noite) há um personagem vivido pela atriz Glória Pires, que foi acusada e presa por roubo e morte do patrão.
Quem acompanha a história, sabe do que se trata, como também da sua inocência. A pobre criatura não possui provas que a levem a convencer o juiz (quando do seu julgamento) a respeito da verdade...
Seguindo a trilha do que pretendo escrever, me vem à mente os programas televisivos diários de Culinária, em que após o preparo de pratos variados, o(a) apresentador(a) faz a degustação ( a prova) da iguaria com ares de satisfação...
Dou um passo atrás e recordo as noites em claro e me vejo decorando fórmulas aritméticas para a dura prova de matemática no dia seguinte...
Esqueço as lembranças, abro uma revista e deparo com uma das musas do carnaval e a sua insistência no corpo perfeito. Ela faz o relato da sua vida cotidiana: malha, corre,sobe na balança sistematicamente, come pouco e “mora” em frente ao espelho. Necessita provar aos seus admiradores e a si mesma de sua beleza eterna...
Meu pensamento gira.
Surgem ideias (as mais variadas) de historinhas, que ilustrariam bem o meu texto, que tem como pano de fundo, o título dado: provas. Vagam palavras sinônimas como: exames, concursos, testes, competições.Tudo isso girando em torno de esforço físico, reconhecimento, veracidade e autenticidade de fatos, na roda viva dos dias.
Percebo a tempo, que tudo que foi acima descrito não vem de encontro ao que tento expressar semanalmente em minhas garatujas literárias.
Retomo o meu caminho e penso em Sentimentos: Como aferir a dor da perda de um ente querido? Como revelar uma amizade sincera? Como mostrar a fidelidade em suas atitudes? Como demonstrar sua fé? Como provar um amor verdadeiro à alguém?...
Decerto que, lágrimas compartilhadas, atitudes coerentes, sorrisos genuínos, gestos solidários, palavras afetuosas, afagos e abraços reconfortantes são sinais evidentes da dimensão de nossa sinceridade.
Penso que (a maturidade me deu este alicerce) querer provar a tudo custo a nossa sensibilidade é demonstração de insegurança.
Comprovadamente, a certeza de que habita no quintal de nossa alma a afetividade nos faz seguir em frente, sem ter que provar nossos sentimentos nem aos que nos cercam e nem tão pouco a nós mesmos.

Comentários

Anônimo disse…
Sensibilidade.
O seu texto de hoje mexeu comigo.
Principalmente, os dois parágrafos finais me oferecem a oportunidade, e espero que você permita, de uma intensa faxina na minha alma.
Coisa como vassoura, sabão e bastante detergente.
Preciso e aproveito o momento para diluir microscopicamente os resíduos encardidos que guardo involuntariamente.
Será mesmo, fazendo alusão ao tópico que antecede ao derradeiro que demonstrar sensibilidade é sinal de insegurança?
Gosto de demonstrar sensibilidade. Não só por vivenciar um sentimento doce, afável, cuidadoso e tanta coisa mais que sinto agora.
Não me preocupa a sensação que o outro possa ter a meu respeito. Não negocio em expor as minhas convicções afetivas.
Quando assim ajo me sinto protegido de tudo, afinal, “ninguém sabe o mal que se esconde nos corações humanos.”
Me vejo blindado.
Sinto e expresso, acho que irradiando boas coisas e sentimentos, me vejo blindado.
É verdade. Tanto é que não faço questão de provar a minha sensibilidade e afeto.
Não é uma barganha. Pode ser até uma sensação egoísta, porque não peço nada em troca.
Mas me extasio.
Acho que ter o sentimento de amor me faz muito feliz e certamente que procuro transmitir de forma inexplicável aos que me cercam, apesar de ainda buscar de forma incessante uma realização emocional.
Sou feliz, pois amo os pássaros, as flores, as árvores, as pessoas, ... a vida
Mas não completo, admito!
Hoje estou sendo levado a um final de semana intenso de reflexões e de crescimento.
O que é bom, muito bom.
Francisco Alberto Sintra
walnize carvalho disse…
Caro Francisco Alberto Sintra,

Belíssimas palavras!
A melhor forma de retribuição são os Versos de Camões:

"Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada."

Walnize Carvalho

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