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Nesta altura do campeonato, sendo hoje sábado – dia que sucede ao terceiro jogo da Copa do Mundo – certamente terei poucos leitores.
Os que buscam leitura nos blogs estarão entediados.
Abrirão sites, emails e fixarão os olhos em notícias de tuuuudo, menos de esporte.
Assim sentindo-me não observada e por poucos lida, torno-me altamente confessional. Saudosista mesmo.
Tranco-me no meu quarto. Coloco um Cd de Elis para tocar e em estado de letargia entro no campo das recordações.
Volto no tempo. Final da Copa de 82.
Revejo a sala de TV.
Meus meninos (9 e 10 anos) na companhia do pai e do padrinho deles (meu tio Waldenir) formando uma torcida fraterna e entusiasmada.
Enquanto não tem início a partida, o tio vai à cozinha e prepara pipocas para a turma toda .Risos... Euforia... Expectativa. Um espocar de felicidade.
Em seguida, retorna à sala contando para os guris as conquistas brasileiras dos anos 58, 62 e 70. Pelé e Garrincha são lembrados com entusiasmo.
Silêncio total. O hino nacional brasileiro começa a ser executado. E inteiro.
Remexo no vestiário das lembranças e ouço as evocações dos meninos:
- Vamos lá, Falcão!
- Mostra raça, Zico!
- Chuta com garra, Sócrates!...
E a bola rola. Gritos. Algazarra. Silêncio. Lágrimas ...
O Brasil perde para a Itália.
Os meninos são acalentados pelo padrinho com a sentença de que outras copas virão e que tudo pode mudar...
Copa de 94. O tio já não estava entre nós e, finalmente, os garotos (já adultos) sentiram o gosto da vitória.
Reabro os olhos. Percebo a música no ar.
Os versos da canção ecoam em meus ouvidos e servem de lição para o jogo da vida:
“Vivendo e aprendendo a jogar/ Nem sempre ganhando/ Nem sempre perdendo/ Mas aprendendo a jogar ...”

Walnize Carvalho

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