O Brasil e a especulação imobiliária.

Há algum tempo o "caboclo urbanista" não baixava aqui em casa, mas eu devo ter ouvido algum tambor batendo por aí e resolvi abrir este tema ao debate aqui no blog.

Recentemente em um encontro com alguns amigos de faculdade conversamos longamente sobre a péssima qualidade do espaço urbano no Brasil, a falta de políticas públicas para a ocupação e o uso dos solo nas cidades e metrópoles. Segundo relato de um amigo que esteve recentemente em Lima, Quito, Caracas e Bogotá, estas cidades estão bem à frente das maiores cidades brasileiras no que diz respeito ao planejamento urbano seus equipamentos e suas complexidades.

Eu já tinha ouvido relatos à este respeito e esta confirmação partida de um amigo urbanista apenas confirmou o que se vê cotidianamente ao nosso redor.

Confesso que me veio um gosto amargo na boca, afinal, aprendi na faculdade que, se havia um campo no qual o Brasil era locomotiva e não vagão, era na arquitetura e urbanismo. Principalmente na América Latina.

Mas, a verdade é que temos estado paralizados neste campo por vários fatores: a já citada falta de políticas públicas efetivas que garantam investimentos em infra-estrutura urbana, o desrespeito aos códigos municipais que sofrem com a falta de fiscalização e a já crônica corrupção nos trâmites legais na construção civil, e a falta de cultura geral da população em relação ao espaço urbano em geral estão entre algumas das causas deste fenômeno particularmente cruel em nosso país.

Este fenômeno sempre existiu, mas no final dos anos setenta, reza a lenda que o falecido prefeito do Rio, Marcos Tamoyo, cedeu aos avanços, digamos monetários, do empreendedor Sérgio Dourado, o que resultou no absurdo que é o paredão de Copacabana. Este péssimo paradigma ironicamente virou exemplo a ser seguido neste pobre país onde as lideranças sofrem de falta de criatividade e mania compulsiva de copiar o que não deviam. Os sambódromos espalhados pelo país são apenas um exemplo disso.

A esta altura você, leitor, deve estar se perguntando: e o que eu tenho com isso? A resposta é simples: tudo!

Vivemos no país dos carros importados nas ruas estreitas e esburacadas, dos pontos de ônibus das avenidas escuras, das calçadas impeditivas ao carrinho de bebê e ao idoso, dos edifícios históricos e importantes abandonados e caindo sobre a cabeça dos transeuntes, das casas e prédios onde residem pobres, remediados, classe média e ricos cercados por grades como um grande presídio de segurança mínima.

E nossa Campos, onde entra nesta estória?

Num próximo post me estenderei sobre o que vejo em Campos com mais calma.

Comentários

Anônimo disse…
Bom texto!
xacal disse…
mandou bem, brima...

Postagens mais visitadas deste blog

Alzira Vargas: O parque do abandono

Carta de despedida de Leila Lopes