Paraguai afastado do Mercosul e da Unasul até eleições presidenciais em 2013

 Matéria de "O Globo":

Os presidentes da América do Sul decidiram afastar o Paraguai do Mercosul e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) até as eleições presidenciais no país vizinho, em abril de 2013. A presidente Dilma Rousseff defende a sanção, mas deixará a Argentina tomar a frente desse processo. Isso porque o Brasil tem mais interesses econômicos e geopolíticos no Paraguai do que os argentinos. O desligamento do país deve ser anunciado no próximo final de semana, na reunião do Mercosul.
O ministro das Relações Exteriores paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia, assegurou ao GLOBO que “os governos do Brasil, Argentina e Uruguai estão violando o artigo 4 do Procolo de Ushuaia, que, "em caso de ruptura democrática em um dos países do bloco, exige que sejam realizadas as consultas pertinentes antes de adotar qualquer tipo de medida”. O documento divulgado neste domingo assinala que Brasil, Argentina, Uruguai, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru reprovam energicamente a "ruptura da ordem democrática na República do Paraguai".
- Estão nos suspendendo sem realizar as consultas prévias, estabelecidas no protocolo. Estão fazendo a mesma coisa que nos acusam de ter feito com Lugo, atuar com rapidez, sem permitir ao acusado a possibilidade de defender-se _ afirmou Estigarribia, que admitiu ter ficado surpreso ao ser informado sobre a drástica medida adotada pelos três governos. - As máximas autoridades do Paraguai nesta matéria são o presidente Federico Franco e o chanceler e nenhum dos dois fomos consultados _ insistiu o chanceler, que nos últimos dois dias disse ter telefonado para todas as embaixadas do bloco, sem receber uma resposta.
O artigo mencionado pelo ministro indica que “em caso de ruptura da ordem democrática num estado parte do presente Protocolo, os demais Estados Partes promoverão as consultas pertinentes entre si e com o Estado afetado”.
- Vamos continuar trabalhando e tentando chegar a acordos e consensos. Temos um grande apreço pelos três países - afirmou Estigarribia, que admitiu que, nas atuais circunstâncias, o mais provável é que “o governo paraguaio não participe da próxima cúpula de presidentes do Mercosul”, esta semana, na província argentina de Mendoza.
Perguntado sobre a possível presidente do ex-presidente, Fernando Lugo, o chanceler disse que ele “não representa, de forma alguma, o Estado paraguaio”.
- Se Lugo for deverá responder por sua atuação, de acordo com as leis da República (do Paraguai) - enfatizou Estigarribia.
Para ele, “é absurdo pensar uma cúpula do bloco sem o Paraguai”.
Neste domingo, entretanto, a chancelaria da Argentina informou que o Mercosul já decidiu suspender a participação do Paraguai na próxima reunião de cúpula de presidentes do bloco, prevista para quinta-feira em Mendoza. Segundo o comunicado, o organismo afirma que a posição dos países-membros foi "suspender o Paraguai de forma imediata do direito de participar da XLIII Reunião do Conselho do Mercado Comum e Cúpula de Presidentes do Mercosul, assim como das reuniões preparatórias".
O Paraguai é o país mais favorecido pelo Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem, na sigla em espanhol). Está em curso um investimento para construção de uma linha de transmissão de alta tensão a partir de Itaipu e ampliação de uma subestaçãonum total de US$ 550 milhões, dos quais US$ 400 milhões são do Focem. Há outros projetos patrocinados pelo fundo no país, principalmente em estradas. A suspensão da participação do Paraguai do Mercosul poderia implicar atrasos nessas obras.


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