Ao gosto do freguês...


Walnize Carvalho

O mês de junho se despede e as festividades juninas em torno de:Santo Antônio (13/06),São João (24/06) e São Pedro ( 29/06) parece que também... Eu falei juninas? Pois de há muito mudaram (com raras exceções daqueles que ainda conservam-nas no referido mês e respectivas datas) para julho( julhinas) e até agosto (agostinas) !...
Apesar de tempos apressados e modernos sempre tem os que cultuam a tradição desta festividade, tão arraigada em nossa cultura. Observo, no entanto, que há certas formas de comemorações que fogem dos padrões destes festejos.
Sempre aparece alguém que exagera em jeitos e trejeitos que não condizem com os modos do genuíno caipira, parecendo uma caricatura. E – convenhamos- tal atitude acaba por ridicularizar a si mesmo.
Não raro, há também nos trajes uma acentuada disparidade. Enquanto alguns se vestem de forma rota e desgastada, simbolizando pobreza, outros também confundem a indumentária. O que se vê são homens de botas de couro e coletes de franja imitando caubóis norte-americanos e mulheres de roupas de seda e cetim parecendo sinhazinhas extraídas dos romances de José de Alencar. Uma expressão, sem propósito, de suntuosidade.
Pouco restou da autenticidade (principalmente nos grandes centros).Até as simples faixas amarradas em postes das cidades viraram chamadas para o “evento” em propagandas do tipo: “A gente comemora a temporada de São João com alegria do folião no Carnaval.” ou “O melhor do hip hop no nosso Arraiá.”.E nestes acontecimentos a presença de modelos, artistas globais, ex big brothers e outros notórios posam de “donos da festa”.
Atendendo ao gosto popular (afinal,”A voz do povo é a voz de Deus”) o evento passou a ser mais para se ver do que “para pular”...O “Anavan anarriê” foi substituído por “ Eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tcha
Tchu tcha tcha tchu tchu tcha”...

Mas... nos bairros periféricos, distritos e cidades de porte médio os santos homenageados – Santo Antônio, São João e São Pedro – são lembrados com as tradicionais festas de roça, onde imperam comidas feitas no fogão a lenha, sanfonas entoando canções típicas e salões decorados com bandeirinhas. Sem deixar de fora a dança da quadrilha (de origem francesa com a contribuição caipira), onde os marcadores comandando os passos da dança fazem com que damas e cavalheiros girem no salão.

Ao final, o que se percebe é que todos – modernos ou conservadores – na “Grande Roda” desejam (ainda que por algumas horas) viver a ingenuidade tão distante de nossos dias.

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