Pobre Mané- Por Renato Mauricio Prado

Que absurdo inacreditável essa reforma do estádio Mané Garrincha, reinaugurado em Brasília, no sábado passado. O futuro elefante branco (71 mil lugares) saiu mais caro que o Maracanã (78 mil), que foi praticamente colocado a baixo e reconstruído de novo. Pois, assim mesmo, o novo “Maraca” custou algo em torno de R$ 1 bilhão e 200 milhões e o “Mané”, R$ 1 bilhão e 500 milhões!
Ambos pagos integralmente pelos cofres públicos, numa Copa que, ao ser anunciada, garantiu-se, seria totalmente bancada pela iniciativa privada... Um escárnio, uma vergonha!

Principalmente no caso de Brasília, que sempre teve, tem e continuará tendo um futebol incipiente e insignificante. Seus times nem sequer disputam as séries A, B e C do Campeonato Brasileiro. E a média de público do último torneio estadual foi inferior a mil espectadores por jogo...

Diz-se agora, a título de justificativa, que, após a Copa, o “Manezão” servirá também como arena multiuso, sediando shows internacionais, eventos culturais e religiosos e sabe-se lá mais o que. Face à desculpa esfarrapada, sugiro que, dentro desta linha fantasiosa, se programe pra lá a chegada de Papai Noel e do Coelhinho da Páscoa,além de aparições do Saci Pererê, do Boitatá, do Curupira e do Negrinho do Pastoreio. Todos ao som da caxirola...

Descalabros como esse da nossa Capital Federal (repetidos em Manaus, Cuiabá e Natal) são provas cabais de que sediar mega competições esportivas como Copas e Olimpíadas, muito mais do que ser um grande negócio para o país, é a oportunidade perfeita para que espertalhões encham os bolsos às custas do nosso dinheiro. Triste e dura realidade.

Pobre Garrincha. O ingênuo e inocente gênio das pernas tortas não merecia ter o nome vinculado a algo planejado e executado por gente de caráter torto e que de inocente e ingênua não tem nada.

*Trecho da coluna de hoje do jornalista em "O Globo".

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