Santos eternos

Tive o prazer de ver o Pelé jogar. Tinha 10 anos quando meu pai, em 1970 comprou uma TV nova, preto e branco, para ver a Copa do Mundo do México. Apesar da pouca idade, alcancei a dimensão do que representava Pelé e aquela seleção para o mundo dos esportes. Através dos comentários dos adultos que me cercavam, e mais tarde em 79, na primeira vez que saí do Brasil ao 19 anos para estudar na Universidade de Minnesota, pude entender como num mundo sem internet, celular ou redes de relacionamento Pelé era um semi-deus, uma unanimidade mundial num mundo largo, amplo. Em 79, na Universidade de Minnesota, além de aprender que policias podiam andar sem armas, aprendi que a palavra Brasil era imediatamente associada a Pelé por asiáticos, europeus, africanos, americanos do norte, centro e sul. Existia uma palavra em português que o mundo sabia falar, inclusive minha namorada finlandesa Ânika: Pelé! Hoje, quando o Santos joga mais uma final de Libertadores contra o igualmente glorioso e tradicional Peñarol, este Pelé eterno me volta à memória, já que Santos e Pelé se confundem no tempo. Pelo menos no tempo da minha memória afetiva. Tudo pode acontecer, mas a memória está lá, a memória dos gols, dos chutes, dos arranques, dos dribles, das cabeçadas, das faltas, da impressionante explosão atlética de um super dotado orientado para conquistar. Rio comigo mesmo quando se estebelecem estas bobagens sobre quem jogou melhor. Só quem viu Pelé sabe o que é jogar aos 16 anos de idade em altíssimo nível, entre profissionais. E aos 17 na Seleção Brasileira, numa Copa do Mundo, a da Suécia, e marcar gols antológicos inclusive na final. E durante sua carreira destroçar rotineiramente defesas inteiras dos melhores times do mundo: Juventus, Real Madrid, Internazionale, Boca Juniors, Benfica, e quem aparecesse pela frente. Que hoje, Neymar, Ganso e companhia incorporem um pouco desta mística eterna.

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