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No JH   edição de 26/03/2014

Marcos Uchoa-   Irã

Poesia influencia a vida dos iranianos

Série mostra como é a relação dos iranianos com as palavras.
É interessante observar como os jovens se envolvem com a poesia.

A poesia é muito forte no Irã. É interessante observar como os jovens se envolvem com isso e admiram poetas que escreveram suas obras mil anos atrás. A série do Jornal Hoje mostra como é a relação dos iranianos com as palavras.

No Irã existe uma infinidade de monumentos históricos. Afinal, a Pérsia, como o país era conhecido, foi a primeira super potência da história – há uns 2.500 anos. Se a riqueza arquitetônica impressiona, existe também um outro lado, mais original do país.
A palavra “paraíso” tem origem persa e ela é ligada a ideia de jardim. O apreço, a beleza, a harmonia e a paz que a natureza traz, sempre foi algo muito importante para os iranianos.
O Irã é um país apaixonado por poesia. Poetas que escreveram suas obras há mil, 800, 700 anos, ainda são reverenciados. É como se cada verso tocasse o coração, a vida de cada iraniano. E de todos, o mais popular é Hafez.
O poeta nasceu em 1.320. Hafez era crítico com os poderosos, mas falava também de paixões não correspondidas, das esperanças e desilusões de cada dia.
Com um livro na mão, um poema na cabeça, os iranianos desde crianças aprendem a aprender com seus poetas. Isso parece que vai enriquecendo um mundo interior, mas se engana quem acha que a poesia é só contemplativa.
Parece esporte, ginástica, luta. Zurkhaneh quer dizer ‘casa da força’ e é muito mais do que isso. Em sua origem, cerca de dois mil anos, tem algo de treinamento para guerreiros, mas mistura reza, ritmo, música e, principalmente, poesia, que é recitada o tempo todo.
O Zurkhaneh é como uma atividade física, mas mostra bem o que chamamos de força mental, porque de certa forma a poesia e o ritmo dão uma força para eles. O que explica também que o perfil do praticante está longe de ser o de uma academia normal. Embora o nível de exigência física seja brutal.
Parte dos movimentos, quando eles parecem helicópteros humanos, girando sem parar, vem do sufismo, uma corrente do islamismo que era muito popular com os poetas iranianos.
Historicamente praticantes do Zurkhaneh, espontaneamente ou contratados, foram para as ruas e ajudaram em manifestações que derrubaram governos. A revolução iraniana começou com um sarau. Foram 10 dias de recitais de poesia que se transformaram em protesto. O Irã, se sente bem a força das palavras.

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